postado em 17/07/2008 13:51
MOSCOU - Para desvendar os mistérios do ecossistema do lago Baikal, o mais profundo do planeta, cientistas russos vão lançar no fim de julho uma missão com dois submarinos, aproveitando, também, a oportunidade para estabelecer um novo recorde de mergulho em águas doces. Organizada "sem a ajuda do Estado" pelo deputado Artur Tshilingarov, esta expedição tem como principal objetivo "atrair a atenção" do governo russo para a necessidade de preservar este local único no mundo.
A operação, que será lançada no dia 29 de julho, consistirá em dezenas de mergulhos de Mir-1 e Mir-2, pequenos submarinos fabricados na época soviética e concebidos para a pesquisa em ambiente marinho a uma profundidade máxima de 6.500 m. No lago Baikal, esses submarinos descerão a uma profundidade de "apenas 1.600 metros" para chegar à parte mais baixa desta gigantesca reserva de água doce (20% do volume mundial), destacou o diretor do Instituto oceanográfico russo Robert Nigmatulin.
Em todo caso, será um recorde, afirmou com orgulho o Fundo de contribuição à preservação do Baikal, que financia a missão. O Fundo lembrou que o lago só foi explorado até agora em algumas centenas de metros de profundidade. "Tecnicamente, é uma expedição muito complexa. Os Mir já mergulharam a partir de um navio, mas nunca de um local especialmente equipado", principalmente com um imponente guindaste, afirmou Tsikingarov. "Será a primeira vez que o local funcionará em tais condições", declarou.
Além dos estudo das correntes, da vida animal, inclusive microscópica, em diferentes níveis, através da colheita de amostras, os pesquisadores explicaram que também vão se interessar pelos gases, sobretudo o metano, presentes no lago. "Talvez" possa ser no futuro uma importante fonte de energia, quando as tecnologias terão evoluído o suficiente, arriscou o deputado.
No entanto, o objetivo é outro, lembrou Nigmatulin. Com o aquecimento global, estes gases poderiam começar a ser liberados na atmosfera e contribuir para o agravamento deste fenômeno. "É por isso que eles têm que ser controlados", insistiu o cientista. "Vamos estudar atentamente as águas do lago, para determinar os eventuais perigos e também as possíveis utilidades energéticas", finalizou.
Para os organizadores, a expedição representa um "primeiro passo" na "missão" de proteger o Baikal, incluído em 1996 no patrimônio da humanidade da Unesco. A proteção ecológica do lago é até agora "insuficiente" e "suscita sérias preocupações", havia advertido em março o Ministério Público da Rússia.