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Sucessão nos EUA: a imprensa já tem seu favorito

Pesquisas confirmam que a mídia poucas vezes foi tão favorável a um dos candidatos à Casa Branca. Equipe de John McCain satiriza e questiona a inclinação dos jornalistas pelo democrata Barack Obama

postado em 23/07/2008 07:54
;É bem evidente que a mídia tem uma fascinação bizarra por Barack Obama. Alguns dizem até que é um caso de amor.; A frase está na página principal do site do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, e faz parte de uma ação desesperada com o propósito de chamar a atenção dos eleitores para a cobertura das eleições na mídia americana. A preocupação do republicano é compreensível. Desde que o rival se declarou o candidato democrata à Casa Branca, no começo de junho, McCain foi citado com relevância em 51% das matérias sobre a eleição de novembro. Obama teve destaque em 78% do noticiário, de acordo com a organização de pesquisa Projeto pela Excelência no Jornalismo, sediada em Washington. Na televisão, o cenário parece ser ainda mais complicado para o veterano senador. Uma pesquisa publicada no jornal britânico The Times mostra que, desde junho, as três principais emissoras americanas ; ABC, CBS e NBC, que juntas possuem 20 milhões de telespectadores ; já destinaram 114 minutos de cobertura para Obama e apenas 48 para McCain. A tietagem foi confirmada quando essas mesmas redes de TV escalaram seus âncoras para acompanhar a viagem do democrata ao Oriente Médio e à Europa, de onde apresentaram os principais noticiários dos EUA. Para essa mesma viagem, cerca de 200 jornalistas pediram credenciamento junto à equipe de Obama, mas pouco mais de um quinto deles pôde fazer parte da comitiva que está acompanhando o candidato. Já na visita recente de McCain à Colômbia e ao México, apenas duas redes de televisão mandaram enviados especiais ; e nenhum deles era âncora. Ontem, a equipe de McCain revelou que o jornal The New York Times rejeitou um artigo do candidato, que seria a réplica a um artigo de Obama sobre o Iraque, publicado pelo NYT na semana anterior. A resposta do republicano ao aparente privilégio dado ao opositor veio por meio de uma ;denúncia; que, segundo a campanha, ;poderia ser engraçada, se não fosse séria;. Em um e-mail enviado aos partidários do republicano, a equipe do candidato convida o internauta a votar em um dos dois vídeos que mostram jornalistas conhecidos da TV americana ;se derretendo; por Obama. ;Preciso confessar, meu joelhos tremem um pouco (na presença do democrata);, afirma Lee Cowan, da NBC News. Até agora, o vídeo preferido pelos apoiadores do republicano traz como trilha sonora a música Can;t take my eyes off of you (;não consigo tirar os olhos de você). ;Os especialistas concordam que, na história americana, não existe paralelo de uma cobertura que tenha dado tanto destaque a um dos candidatos;, revela o professor Mauro Porto, do Departamento de Comunicação da Tulane University. De acordo com o especialista, o carisma, a boa retórica e o fato de ser o primeiro negro com chances rais de chegar à presidência são os ingredientes que transformaram Obama no ;queridinho; da mídia. ;É algo completamente inusitado. Não só os jornalistas, mas também os humoristas têm muita dificuldade em falar mal dele;, destaca Porto. A preferência da imprensa pelo democrata já foi percebida até pelo eleitorado. Segundo um levantamento da Rasmussen Reports, 49% da população acredita que a maioria dos repórteres tenta ajudar Obama com a cobertura. Em junho, esse índice era de 44%. Apenas 14% dos entrevistados acham que a mídia tende a ajudar McCain, e menos de um quarto acredita que a cobertura seja imparcial. ALERTA ÀS EMBAIXADAS O governo americano ordenou às embaixadas que controlem os gastos com as visitas dos candidatos à presidência. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, advertiu que não deve haver nenhum ;gasto extra; com os senadores, que possa demonstrar favoritismo a um candidato, nem o uso indevido de recursos da embaixada para fazer campanha política. Os funcionários consulares também não podem marcar reuniões entre o candidato e as autoridades do país, nem participar dos detalhes da viagem. Leia mais no Correio Braziliense

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