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Estudo diz que soropositivos em tratamento não podem dispensar preservativo

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postado em 24/07/2008 11:11
PARIS - Um estudo australiano contestou um relatório suíço segundo o qual uma pessoa contaminada com o vírus do HIV em tratamento anti-retroviral poderia dispensar o uso de preservativo na relação sexual, afirmando que sem proteção os riscos de contaminação são quatro vezes maiores. Este novo estudo, que será publicado pela edição de sexta-feira da revista britânica The Lancet, foi realizado por uma equipe conduzida pelo doutor David Wilson, da Universidade de New South Wales (Sydney), que utilizou um modelo matemático para calcular os riscos. O relatório da Comissão suíça da Aids dizia que se o vírus da doença não aparecesse no exame de sangue durante seis meses e se o paciente soropositivo não estivesse apresentado nenhuma outra infecção sexualmente transmissível, um casal "sorodiferente" (com um membro soropositivo e outro soronegativo) poderia renunciar ao uso da camisinha. No entanto, para a equipe de David Wilson, apesar de o risco de transmissão do vírus ser baixo neste caso, não é igual a zero, porque o vírus nunca desaparece totalmente. O estudo determinou que a probabilidade acumulada, com uma média de 100 relações sexuais por ano sem proteção, era de 0,22% por ano para as transmissões de mulher para homem, 0,43% para as transmissões de homem para a mulher, e 4,3% para as transmissões de homem para homem. Em dez anos e numa população de 10 mil casais "sorodiferentes", 215 homens e 425 mulheres seriam infectados após uma relação heterossexual e 3.524 homens após relações homossexuais. O que corresponde, segundo a Lancet, a riscos quatro vezes maiores sem a proteção. Num comentário, a Lancet destacou que para os suíços "existe um piso", abaixo do qual uma quantidade ínfima de vírus não pode provocar infecção, enquanto que para os pesquisadores australianos o risco só diminui progressivamente, sem a existência de um piso. Diante de uma incerteza como esta, é mais prudente combinar o tratamento com o uso de preservativos, indicou a revista.

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