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Mais de 50 morrem em atentados realizados por mulheres-bomba no Iraque

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postado em 28/07/2008 10:23
BAGDÁ - Atentados em Bagdá e em outras cidades do Iraque deixaram nesta segunda-feira (28/07) pelo menos 51 mortos e cerca de 200 feridos, em um dia de violência que interrompeu um período de relativa calma que havia permitido prever uma retirada das tropas norte-americanas. Em Bagdá, três atentados suicidas praticados por mulheres suicidas deixaram pelo menos 25 mortos entre peregrinos xiitas que se dirigiam ao bairro de Kadhimiyah, no norte da capital, para participar de uma das festas mais importantes do Islã xiita. Esses três atentados, registrados entre as 7h (1h de Brasília) e 8h (2h de Brasília) na zona comercial de Karrada, deixaram mais de 70 feridos. "Pelo menos 25 pessoas morreram, entre elas mulheres e crianças, e mais de 70 ficaram feridas nesses ataques praticados provavelmente por mulheres terroristas suicidas", asseguraram autoridades dos serviços de segurança que solicitaram o anonimato. Os atentados coordenados são os primeiros desde o início nesta semana das celebrações em ocasião do aniversário da morte do imã Musa al-Kadhim, envenenado em 799 em Bagdá pelo califa Harun al-Rashid. Poucas horas depois, um terrorista suicida acionou o cinturão de explosivos que trazia consigo em Kirkuk, 250 km ao norte de Bagdá, em meio a uma manifestação de curdos. "Pelo menos 11 pessoas morreram e 54 ficaram feridas quando um terrorista suicida acionou um cinturão de explosivos entre os manifestantes curdos no centro de Kirkuk por volta das 10h" (4h de Brasília), declarou Salam Zankana, comandante da Polícia da cidade, situada 250 km ao norte de Bagdá. Após a explosão, a multidão entrou em pânico e vários tiros foram disparados deixando 11 mortos e cerca de 60 feridos, elevando o registro total para 22 mortos e cerca de 120 feridos, acrescentou. Outras quatro pessoas morreram quando uma bomba de fabricação caseira explodiu na passagem de seu veículo nas imadiações de Baquba, 60 km a nordeste de Bagdá. Em Bagdá, as autoridades esperam a chegada de até um milhão de fiéis ao perímetro da mesquita de Kadhimiyah, onde está situado o mausoléu do imã Musa al-Kadhim, muito venerado pelo xiismo. As celebrações em memória de sua morte são um momento de oração e recolhimento, mas o governo, dominado pelos xiitas, teme que sejam também a ocasião de uma intensificação da violência contra essa comunidade, majoritária no Iraque. Domingo, sete peregrinos que se dirigiam a pé para Bagdá para participar da celebração foram assassinados por homens armados em uma estrada. Cinco mil policiais e militares foram mobilizados em Kadhimiyah. Os soldados isolaram o setor, interrompendo o trânsito de automóveis, enquanto que as pessoas -principalmente mulheres- eram submetidos a rígidos controles de segurança. Em Kirkuk, os curdos protestavam contra um projeto de lei eleitoral, aprovado no dia 22 de julho pelo Parlamento, mas rejeitado depois pelo Conselho Presidencial, que ameaça provocar um adiamento das eleições provinciais previstas para outubro. Os curdos se opõem a essa lei por causa de uma divergência sobre a divisão de poder entre comunidades -curdos, árabes e turcomanos- na região de Kirkuk, rica em petróleo. Esse dia de violência ocorreu poucos dias depois de o governo iraquiano e o comando militar norte-americano no Iraque terem comemorado a diminuição da violência no Iraque. As autoridades norte-americanas utilizaram esse argumento para justificar a decisão de reduzir progressivamente o contingente norte-americano no Iraque, que conta ainda com 145 mil militares. Nesta segunda-feira, a Casa Branca pediu que os iraquianos e seu governo reajam "com calma e determinação" à recente onda de violência. "Os Estados Unidos condenam os violentos ataques praticados contra iraquianos inocentes", disse o porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe. "Pedimos insistentemente aos iraquianos e ao seu governo que reajam com calma e determinação à ameaça que representam os extremistas violentos que procuram a desestabilizar o país", disse. O número de soldados norte-americanos mortos no Iraque desde o início da guerra, em março de 2003 é de 4.124, mas o mês de julho se anuncia, com 11 baixas em suas fileiras, como o menos sangrento para o contingente norte-americano. O governo iraquiano deseja que as tropas norte-americanas de combate deixem o país antes do final de 2010, enquanto que o governo do presidente George W. Bush considera essa opção uma possibilidade, mas sem se comprometer. O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, defendeu uma retirada das tropas dos Estados Unidos em 16 meses após sua posse em janeiro de 2009, caso seja eleito presidente em novembro.

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