postado em 28/07/2008 12:49
HONG KONG - A menos de duas semanas da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, a China utiliza o evento para reforçar sua repressão contra os defensores dos direitos humanos e expulsar os "indesejáveis" de Pequim, lamentou nesta segunda-feira (28/07) a organização Anistia Internacional (AI). "As autoridades utilizaram os Jogos como pretexto para intensificar as medidas e as práticas existentes que levaram a violações freqüentes dos direitos humanos", considerou a AI em relatório apresentado nesta segunda-feira em Hong Kong.
"A repressão contra os defensores dos direitos humanos, os jornalistas e os advogados se intensificou devido à organização das Olimpíadas em Pequim", afirmou a organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres. "A menos que haja uma mudança radical das autoridades, o legado das Olimpíadas não será positivo para os direitos humanos na China", avisou a AI.
A organização conclamou o Comitê Internacional Olímpico (CIO) e os dirigentes políticos a serem mais exigentes com Pequim, advertindo para medidas ainda mais repressivas depois dos Jogos. AI enumerou cinco medidas para melhorar a situação dos direitos humanos no país, já apresentadas em uma carta aberta enviada ao presidente chinês, Hu Jintao. A organização exortou a China a "libertar todos os prisioneiros políticos, impedir a polícia de promover detenções arbitrárias, publicar a totalidade das estatísticas sobre a pena de morte e instaurar uma moratória das execuções".
AI também pediu uma "liberdade total" para a imprensa em Pequim. Durante a preparação para as Olimpíadas, as autoridades intensificaram o uso da detenção administrativa, principalmente contra os militantes dos direitos humanos e os mendigos, denunciou a AI. Em janeiro, Pequim lançou uma campanha contra "as atividades ilegais que abalam a imagem da cidade e perturbam a ordem social". Em maio, as autoridades aprovaram uma lei de "reeducação pelo trabalho". Em junho, as autoridades de Xangai ordenaram aos militantes e às pessoas que assinam petições que se deslocassem a delegacias de polícia a cada semana. Eles também foram proibidos de deixar a cidade sem autorização ou de viajar a Pequim durante os Jogos.
A perseguição contra os jornalistas também aumentou, segundo a AI, que citou estatísticas do Clube da imprensa estrangeira da China segundo as quais 230 repórteres e fotógrafos foram impedidos de trabalhar pelas autoridades este ano. Em 2007, este número era de 108. Para a organização de defesa dos direitos humanos, "o perigo é que, depois das Olimpíadas, quando a comunidade internacional já não terá mais os olhos voltados para a China, as violações continuem ou até se intensifiquem".