Enfraquecido por um grave escândalo de corrupção, o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert anunciou nesta quarta-feira (30/07) que não se candidatará à direção do partido Kadima nas eleições marcadas para meados de setembro.
Esta decisão, anunciada durante um discurso transmitido ao vivo pela televisão, se traduz no fato de que Olmert abandonará o poder nos próximos meses uma vez tenha sido designado seu sucessor à frente Kadima.
Logo após sua renúncia, anunciada antes das primárias do Kadima, previstas para meados de setembro, o presidente Shimon Peres precisará designar um deputado para formar uma maioria parlamentar, que terá um prazo de 28 a 42 dias para compor um governo, eventualmente renovável.
Durante este período, Olmert dirigirá um governo de transição, segundo a legislação israelense. "Decidi não me apresentar às primárias do Kadima. Não pretendo influenciar a votação, e aceitarei os resultados", declarou o primeiro-ministro.
"Depois da eleição do meu sucessor, renunciarei para permitir a formação rápida de um novo governo", acrescentou, afirmando que se retira do poder para se defender melhor das acusações de corrupção, mesmo se admitiu ter cometido "erros".
"Deixarei o cargo como se deve fazer, de forma honrada, justa e responsável. Provarei em seguida minha inocência", disse o chefe do governo israelense.
O Kadima marcou sua eleição para o dia 17 de setembro, segundo a imprensa israelense. A ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, é considerada favorita, antes de Shaul Mofaz, o ministro dos Transportes.
Dirigentes do Kadima vinham pedindo nos últimos dias a Olmert que não se candidatasse às primárias, para que sua impopularidade não provoque o fracasso eleitoral do parrtido.
Este anúncio põe um fim a várias semanas de brigas internas dentro do partido no poder, sobretudo entre Olmert e Livni.
Antes mesmo de vencer as primárias do Kadima, a chanceler já lançou um apelo à formação de um governo de união nacional.
Corrupção
O primeiro-ministro bateu recordes de impopularidade quando foi revelado um grave caso de transferências ilegais de fundos que teria lhe beneficiado diretamente.
A oposição israelense, comandada pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e o líder do partido trabalhista e atual ministro da Defesa Ehud Barak defendiam a renúncia do premier.
Eleito para o cargo de primeiro-ministro em março de 2006, Ehud Olmert, 62 anos, é acusado pela justiça de ter recebido ilegalmente importantes quantias em dinheiro de um rico empresário americano, Morris Talansky.
Em maio, no tribunal, Talansky afirmou ter dado a Olmert mais de US$ 100 mil em dinheiro durante um período de 15 anos.
Olmert negou qualquer malversação, mas admitiu ter recebido fundos para financiar suas campanhas eleitorais, principalmente quando era candidato à prefeitura de Jerusalém, em 1999 e em 2003.
"As pessoas que me dão lições de moral hoje vão se arrepender amanhã", avisou Olmert na noite desta quarta-feira.
Reagindo ao anúncio do premier, os Estados Unidos afirmaram estar dispostos a trabalhar com qualquer novo governo israelense. "Estamos ansiosos de trabalhar com todos os membros do governo israelense, qualquer que seja este", declarou o porta-voz do departamento de Estado, Sean McCormack.