postado em 31/07/2008 13:14
HAIA - O ex-chefe político dos sérvios-bósnios, Radovan Karadzic, assegurou nesta quinta-feira (31/07) ante o Tribunal Penal Internacional (TPI) que fez um pacto com o negociador americano Richard Holbrooke para acabar com a guerra da Bósnia (1992-1995). Segundo o réu, na ocasião ele aceitou se retirar da vida pública "em troca que os Estados Unidos cumprissem com seus compromissos", mas sem especificar quais foram.
Karadzic defendeu que Holbrooke não atuou por conta própria e sim em nome do então presidente americano Bill Clinton. Também denunciou "irregularidades" em torno de sua prisão e negou que esta tenha ocorrido em 21 de julho, como anunciou a justiça sérvia. "Foram mal informados da data de minha prisão. Há inúmeras irregularidades no que diz respeito a minha relação com esta instituição (o TPI) e meu comparecimento aqui. Há irregularidades no que diz respeito a minha chegada aqui", declarou Karadzic.
Em seu primeiro comparecimento ante o TPI, Karadzic pediu nesta quinta-feira o prazo de 30 dias para se declarar culpado ou inocente ante o Tribunal Penal Internacional (TPI) para a antiga Iugoslávia. Radovan Karadzic, de 63 anos, declarou que o juiz Alphons Orie "compreende perfeitamente" sua posição ao se negar a se declarar culpado ou inocente nesta quinta-feira, durante esta primeira audiência.
O juiz fixou, então, uma nova data. "Decido, pela presente, programar um novo comparecimento ante a sala em 29 de agosto às 14h15" (12h15 GMT)", declarou o juiz Orie. Interrogado pelo juiz sobre a ausência de advogados nesta audiência, ele respondeu: "Tenho um conselheiro invisível. Decidi me defender a mim mesmo.;
Karadzic, indiciado por genocídio há 13 anos, compareceu pela primeira vez nesta quinta-feira ante TPI. Karadzic, em sua declaração inicial, anunciou que assumirá sua própria defesa. Ele é acusado de ter desempenhado um papel crucial no sítio a Sarajevo e o massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica, a maior atrocidade desse tipo cometida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Karadzic, um psiquiatra de 63 anos, foi preso em 21 de julho passado quando viajavam num ônibus por Belgrado, depois de ter ficado foragido por mais de uma década, fazendo-se passar por Dragan Dabic, um especialista em medicina alternativa. Desapareceu da vida pública em 1996, pouco depois que o TPI lançou uma ordem de prisão contra ele. Enquanto esteve foragido, mudou totalmente sua aparência, apresentando-se como o dr. Dragan Dabic. Deixou crescer o cabelo e a barba, que embranqueceram, usava grandes óculos e um chapéu branco do tipo Panamá, dando a impressão de ser uma espécie de guru.
Nesta quinta, no entanto, o jornal sérvio Blic publicou em sua primeira página uma fotografia de Radovan Karadzic com sua nova imagem, sem barba, mais magro, com o cabelo grisalho, curto e penteado. "É ele", intitulou o periódico apresentando a fotografia do ex-líder político dos sérvios da Bósnia, tirada "antes de ser transferido para Haia". Karadzic aparece com uma expressão serena, um leve sorriso nos lábios, a cabeça inclinada, usando uma pequena corrente dourada.
O Blic publicou outra fotografia nas páginas internas, desta vez com o líder sentado, com expressão mais séria, olhar sombrio e com as mãos apoiadas sobre os joelhos. Vestia uma camisa "azul claro com um pequeno emblema com a bandeira dos Estados Unidos", indicou o jornal. O Blic apresenta estas fotos como "exclusivas".