postado em 04/08/2008 17:52
O Irã enfrentará mais sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), a não ser que responda até esta terça-feira (05/08) se aceita o pacote de incentivos das seis potências apresentado à república islâmica em troca do congelamento das atividades de enriquecimento de urânio. A informação partiu do governo britânico. "Nós ficaremos desapontados se não houver uma resposta às propostas do E3 até amanhã. Nós não teremos outra escolha, a não ser pedir à ONU que siga em frente com mais sanções", disse hoje um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha.Ele se referia ao pacote de incentivos econômicos proposto por três países europeus, Grã-Bretanha, França e Alemanha. O grupo das seis potências que negociam com o Irã inclui, além dos três países europeus, os Estados Unidos, a Rússia e a China. O vice-embaixador da França na ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse hoje que "se nós não tivermos uma resposta encorajadora dos iranianos, mostraremos firmeza e recorreremos a sanções como no passado".
Representantes dos países conversaram nesta segunda-feira (04/08) por teleconferência e concordaram em levar adiante a discussão de novas sanções contra o Irã, disse Gonzago Gallegos, porta-voz da chancelaria norte-americana. "Concordamos que, na ausência de uma resposta positiva, não temos escolha a não ser buscar novas medidas", disse o porta-voz. Porém, nos últimos meses o Irã ignorou duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU exigindo a paralisação da atividade de enriquecimento de urânio.
A teleconferência ocorreu pouco depois de o chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, ter conversado por telefone com o negociador-chefe do programa nuclear iraniano Saeed Jalili, sobre o impasse. Solana reportou às seis potências nucleares que a conversa com Jalili foi inconclusiva, disse um porta-voz do chefe da diplomacia européia. "Não estão marcados novos contatos para os próximos dias", afirmou a fonte.
Já a televisão estatal iraniana informou que "as partes concordaram em continuar dialogando". Os EUA vinham exigindo que o Irã desse até o último fim de semana uma resposta a um pacote de incentivos oferecido em troca do congelamento de seu programa de enriquecimento de urânio em meio a ameaças de novas sanções. No sábado, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que a república islâmica não vê problemas em negociar, mas não abrirá mão de seu direito de manter um programa nuclear.
Armas nucleares
Os EUA e alguns de seus aliados suspeitam que o Irã desenvolve em segredo um programa nuclear bélico. O Irã sustenta que seu programa nuclear é civil e tem finalidades pacíficas, estando de acordo com as normas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual é signatário.
Em seus relatórios, os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) têm informado não haver sinais de um programa nuclear com fins militares. Além disso, serviços secretos dos EUA divulgaram relatório há alguns meses afirmando ter evidências de que um programa nuclear militar mantido pelo Irã teria sido encerrado em 2003.
Ainda assim, EUA e Israel não descartam a possibilidade de bombardear o Irã caso o país não desista do enriquecimento de urânio, um processo essencial para a produção de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas. As informações são da Dow Jones.