O vice-ministro da Justiça e presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Luiz Paulo Barreto, afirmou ontem que não há razão para tirar o estatuto de refugiado ao colombiano Francisco Antonio Cadena Collazos, também conhecido por Olivério Medina e Padre Camilo e tido como ;embaixador; das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil. ;Não houve pressão política, nem do ministro Marcio Thomaz Bastos (ttular da Justiça na época), nem de Gilberto Carvalho (chefe de gabinete da Presidência). Nunca conversei com o presidente Lula sobre esse caso, e o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) nunca tratou desse assunto;, assegurou Paulo Barreto. Segundo a revista colombiana Cambio, Medina teria trocado e-mails com o comando das Farc mesmo depois de ter obtido asilo, em 2006. Em abril de 2007, ele teria enviado mensagem ao chefe da Comissão Internacional da guerrilha, Raúl Reyes, na qual anunciava a intenção de ;atuar com cautela;, para não pôr em risco a condição de refugiado, até conseguir a naturalização. ;Obtida esta, terei passaporte brasileiro e a primeira coisa em que devo pensar é em ir vê-los.; Barreto argumentou que não haveria provas de contato político entre o refugiado e as Farc. ;Trocar e-mail e fazer contatos não é uma atividade política que tente derrubar o regime de outro país. Não foi considerada ainda nenhuma razão para reabrir o caso do padre Olivério Medina, o que pode ser feito a qualquer momento se for caracterizada uma atividade política dele no sentido de tentar atacar o governo da Colômbia;, disse o presidente do Conare. ;Jamais defendemos o terrorismo e terroristas.; Medina tenta agora se nacionalizar e já deu início ao processo na Polícia Federal. Segundo Barreto, ;se a nacionalização não for concedida, ele pode continuar aqui como refugiado sem nenhum problema;. Cerca de 5 mil estrangeiros vivem no Brasil como refugiados, dos quais 538 são colombianos ; ex-combatentes das Farc e de grupo paramilitares. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) requereu ontem à Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara dos Deputados que o ministro da Justiça, Tarso Genro, explique a situação jurídica de Medina. Jungmann pediu também ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, cópia dos documentos repassados ao governo brasileiro por autoridades da Colômbia, na ocasião de visita do presidente Lula, indicando relações entre as Farc e integrantes do governo. Ouça podcast com o presidente do Conare