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Chama olímpica chega a Pequim em meio a emoções e protestos pelos direitos humanos

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postado em 06/08/2008 10:07
PEQUIM - A tocha olímpica foi recebida com muito entusiasmo nesta quarta-feira (06/08) em Pequim, para o início dos Jogos Olímpicos de 2008, mas uma manifestação a favor do Tibete e um desentendimento diplomático entre China e Estados Unidos em relação a Darfur acabaram afetando o clima de descontração. Para o retorno da chama a Pequim, após uma longa e tumultuosa volta ao mundo, que será lembrada pelos protestos em cidades como Paris e Londres, as autoridades adotaram fortes medidas de segurança. Além de preparar um imponente dispositivo de segurança policial, a organização do evento convidou personalidades nacionais muito queridas pelos chineses, como o primeiro astronauta Yang Liwei e o jogador de basquete Yao Ming. Na Praça Tiananmen, em frente ao mausoléu de Mao, ponto de partida da tocha, ela foi recebida por grupos devidamente autorizados e organizados em filas. Várias personalidades em trajes esportivos e com sorriso até as orelhas compareceram para carregar a tocha, sob um céu cinza e poluído. As etapas bem ensaiadas e transmitidas ao vivo pela televisão transcorreram sem incidentes, animadas por dezenas de milhares de espectadores que gritavam "Viva a China, viva os Jogos Olímpicos", balançando bandeiras vermelhas chinesas. A chama já havia feito escala em Pequim no fim de março, antes de iniciar uma volta ao mundo de 137.000 km marcada por manifestações hostis ao regime chinês por sua repressão no Tibete e sua atitude frente aos direitos humanos. Militantes pró-tibetanos conseguiram driblar a segurança no estádio nacional conhecido como "Ninho de Pássaro", na primeira ação reivindicativa registrada em Pequim antes da abertura oficial dos Jogos Olímpicos na sexta-feira. Dois britânicos e dois americanos conseguiram pendurar bem alto uma grande bandeira com a frase em inglês "Um mundo, um sonho: Tibete livre". Ao cabo de 12 minutos, eles foram detidos pela polícia, segundo a agência de notícias oficial Nova China. Mas segundo o grupo Estudantes por um Tibete Livre, os militantes, três homens e uma mulher, de 23 e 24 anos, conseguiram ficar por quase uma hora e meia ao lado do "Ninho de Pássaro", com bandeiras tibetanas e duas imensas mensagens em inglês e em chinês. "Este é um momento crítico para o Tibete", denunciou Iain Thom, originário da Escócia, em uma mensagem gravada anteriormente por esta ONG enquanto ele estava no alto de uma coluna, de cerca de 40 metros de altura. "Realizamos esta ação para destacar o uso destes Jogos pelas autoridades chinesas como instrumento de propaganda. Assim, elas camuflam seu balanço sobre os direitos humanos", disse o jovem. Mas esta simbólica ação não foi a única dor de cabeça das autoridades chinesas. Os Estados Unidos protestaram contra a decisão de Pequim de revogar o visto do ex-campeão americano Joey Cheek, medalha de ouro nos Jogos de Inverno de Turim-2006 na patinação de velocidade, e militante da causa de Darfur. "Estamos levando o assunto muito a sério. Demos instruções à nossa embaixada em Pequim para que interceda junto aos chineses. O que vamos dizer a eles é que estamos preocupados com isso e queremos que reconsiderem suas ações. Espero que mudem de idéia", declarou Dana Perino, porta-voz da Casa Branca. Cheek, hoje retirado, queria viajar à capital chinesa para apoiar mais de 70 atletas em competição, que se comprometeram em chamar a atenção, durantes as Olimpíadas, sobre a situação na região sudanesa de Darfur. Para piorar a situação das autoridades chinesas, a Casa Branca divulgou antecipadamente um discurso que presidente George W. Bush fará quinta-feira, em Bagcoc, segundo o qual ele é "firmemente contrário" à detenção de dissidentes na China. Apesar disso, Bush irá sexta-feira à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

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