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Tribunal militar dos EUA condena motorista de Bin Laden

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postado em 06/08/2008 10:59
BASE NAVAL DE GUANTANAMO - Salim Hamdan, ex-motorista de Osama bin Laden, foi declarado culpado nesta quarta-feira (06/08), em Guantánamo, por "apoio material ao terrorismo" por um júri militar. Salim Hamdan, um iemenita de 40 anos, pode ser condenado à prisão perpétua ao fim desse julgamento realizado ante um tribunal militar de exceção, o primeiro desde a Segunda Guerra Mundial. O júri, no entanto, desconsiderou a acusação de "complô". Durante quinze dias de julgamento, os advogados de defesa, incluindo um militar, tentaram mostrar que seu cliente era apenas um funcionário trabalhando para ganhar a vida e não um militante da Al-Qaeda, como descrveu a acusação. A Casa Branca imediatamente declarou que Salim Hamdam teve um julgamento justo. "Ficamos satisfeitos que Salim Hamdan tenha tido um julgamento justo", afirmou o porta-voz Tony Fratto. Hamdan era acusado de "complô" e "apoio material ao terrorismo", além de ser suspeito de ter recebido treinamento em um campo da rede Al-Qaeda, no Afeganistão, e de ter distribuído armas nesse país. Ele é o primeiro "combatente inimigo" da "guerra contra o terrorismo" desde que os EUA inauguraram seu centro de detenção em Guantánamo, no final de 2001. O processo de Hamdan foi o primeiro a ser realizado segundo os procedimentos de exceção estabelecidos pelo governo de George W. Bush para julgar "crimes de guerra", após os ataques do 11 de Setembro. Embora tenham sido invalidados pela Suprema Corte em 2006, com base em um recurso da defesa de Hamdan, os tribunais foram restabelecidos pelo Congresso, poucos meses depois, e, desde então, submetidos a uma série de batalhas jurídicas que levaram a vários adiamentos do processo. Capturado pelo Exército afegão, em novembro de 2001, para depois ser entregue às Forças americanas, ele transportava, no momento de sua detenção, dois mísseis terra-ar na mala de seu carro, de acordo com a ata da acusação. Cinco anos após ser indiciado pelo governo Bush, o juiz federal James Robertson decidiu, na última quinta, que o processo começaria hoje, segundo o previsto, diante de uma corte marcial na base de Guantánamo. O advogado da defesa Neal Katyal havia entrado com um pedido pelo adiamento do processo, ao considerar "injusto" e "desonesto" que seu cliente fosse submetido a uma comissão militar. Um dos argumentos apresentados pela defesa é o de que as acusações contra o réu são "provas" obtidas à força, com recurso à privação de sono, isolamento total e até torturas, como a de ser acordado pelos guardas a cada hora, durante 50 dias consecutivos, em 2003. "O interesse público exige que as comissões militares sejam detidas", insistiu a defesa, segundo a qual, embora Salim Hamdan tenha trabalhado como motorista de Bin Laden, seu cliente não esteve envolvido em nenhum projeto terrorista.

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