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China está preparada para os Jogos, apesar de poluição e protestos

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PEQUIM - A China assegurou nesta quinta-feira (07/08) que está preparada para ser a anfitriã de uma das melhores Olimpíadas da história, apesar do problema da poluição e das polêmicas relacionadas aos Direitos Humanos terem se intensificado um dia antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Enquanto os melhores atletas do mundo chegavam a Pequim e a chama olímpica atravessava a Grande Muralha, os organizadores dos Jogos tentavam fazer com que as atenções mundiais se voltassem para aquela que prometeram que será uma celebração espetacular. "Nos preparamos para as Olimpíadas de Pequim durante sete anos e agora estamos prontos. Temos grande confiança de que teremos grandes Olimpíadas", disse à AFP o porta-voz do comitê organizador, Sun Weide. "Naturalmente, esperamos que estes sejam Jogos sensacionais, talvez os melhores", acrescentou. Para a China, os Jogos Olímpicos são uma oportunidade de mostrar ao mundo o longo caminho percorrido desde que os comunistas chegaram ao poder, em 1949, depois de uma brutal guerra civil, e sobretudo durante as três últimas décadas de enorme desenvolvimento econômico. As Olimpíadas prometem ser um momento histórico que mostrará a transformação social e econômica da China, assim como aconteceu nos Jogos Olímpicos de 1964, no caso do Japão, e nos de 1988, na Coréia do Sul. "A China é uma nação em transição, com um grande futuro, um potencial tremendo e alguns desafios", afirmou o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, depois de chegar a Pequim. "Creio que a história considerará os Jogos Olímpicos de 2008 como um fato significativo na extraordinária transformação da China", acrescentou. No entanto, as diversas polêmicas que acompanharam os preparativos para as Olímpiadas durante este ano se intensificaram nesta quinta-feira, incomodando as autoridades chinesas, por temas que vão da forte poluição atmosférica em Pequim até as discussões sobre os Direitos Humanos. Uma mistura de névoa e poluição voltou a reduzir a visibilidade em Pequim a poucos centenas de metros, apesar das medidas de emergência aplicadas para melhorar a qualidade do ar. O problema da poluição é constrangedor para a China, porque mostrou ao mundo um dos piores efeitos secundários de seu histórico processo de modernização: a degradação do meio ambiente. Enquanto isso, a questão dos Direitos Humanos na China permanecia em primeiro plano. Quarenta atletas que competirão em Pequim enviaram uma carta ao presidente chinês, Hu Jintao, manifestando sua preocupação em relação a esse tema. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, antes de chegar a Pequim nesta quinta-feira, manifestou sua "profunda preocupação com a liberdade religiosa e dos Direitos Humanos na China". "Os Estados Unidos acreditam que o povo da China merece a liberdade fundamental, que é o direito natural de todos os seres humanos", afirmou Bush na Tailândia. Mais de 100 chefes de Estado e outros altos dirigentes assistirão a estes Jogos. Isso significa que haverá tensões políticas latentes durante as Olimpíadas, apesar dos reiterados esforços das autoridades chinesas para evitá-las. No entanto, espera-se que tudo seja relegado para segundo plano, embora brevemente, durante a tão esperada cerimônia de abertura que começará nesta sexta-feira, 8 de agosto, às 20h hora locais (9h de Brasília). A data e a hora da cerimônia não são uma coincidência, já que para os chineses, o número oito é particularmente favorável por representar a prosperidade. Não há dúvidas de que a glória esportiva será o objetivo principal para os 10 mil atletas que participarão das competições. A estrela do basquete norte-americano Kobe Bryant declarou que ganhar uma medalha de ouro em Pequim era mais importante do que conquistar um título na NBA. O interesse por estes Jogos na China, com seus 1,3 bilhão de habitantes, também é enorme, e os ingressos se esgotaram pela primeira vez na história das Olimpíadas. Apesar disso, as rígidas medidas de segurança diminuíram o entusiasmo anterior. Mais de 100 mil membros das forças de segurança patrulham Pequim, e barreiras antimísseis foram colocadas nas imediações do estádio "Ninho de Pássaro", enquanto militares e policiais permanecem de guarda em todo o país. A China admitiu que terroristas dentro e fora do país representavam uma grande ameaça para os Jogos Olímpicos. Pequim informou que prendeu mais de 50 mil fugitivos, incluindo 1.171 assassinos, em uma operação em massa contra o crime às vésperas dos Jogos. A operação teve um alcance nacional e resultou na prisão de 50.103 delinqüentes, entre eles 4.144 acusados de crimes graves, segundo o Departamento de Segurança Pública em um comunicado divulgado nesta quinta.