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Geórgia anuncia breve cessar-fogo nos combates na Ossétia do Sul

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postado em 08/08/2008 10:51
MEGVREKISI - A Geórgia anunciou nesta sexta-feira (08/08) um cessar-fogo de três horas para permitir a evacuação de civis da Ossétia do Sul, palco de enfrentamentos em terra e bombardeios aéreos. O presidente autoproclamado dessa região separatista, Eduard Kokoity, citado pela agência russa Interfax, denunciou que centenas de habitantes da capital Tsjinvali morreram durante a ofensiva georgiana e o ministério russo da Defensa anunciou a morte de dez soldados russos das forças de manutenção da paz nesses confrontos. Tbilissi, por sua vez, acusa a Rússia de estar bombardeando seu território e o cessar-fogo de 11H00 GMT a 14H00 GMT visa a permitir que os civis da Ossétia do Sul deixem suas casas rumo à cidade georgiana de Gori, anunciou o prefeito de Tbilissi, Guigui Ougoulava, alto responsável do partido no poder. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, também falou de notícias que falam de "cenas de limpeza étnica" na Ossétia do Sul. "O número de refugiados está aumentando. Há uma ameaça de crise humanit'raia",. alertou o chefe da diplomacia russa. O Comitê internacional da Cruz Vermelha (CICV), por sua vez, pediu a abertura de um "corredor humanitário" na Ossétia do Sul, para retirar os feridos dos combates. "Há combates no centro da cidade de Tskhinvali, a capital da Ossétia do Sul", indicou por sua vez o comandante das forças russas de manutenção de paz, o general Marat Koupakhmetov. Pelo menos 15 civis foram mortos em combates e ataques aéreos georgianos em Tskhinvali, segundo cômputo oficial das autoridades separatistas. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, prometeu medidas de retorsão contra a Geórgia após a ofensiva militar iniciada por Tbilissi. "Eles lançaram hostilidades utilizando tanques e artilharia. É muito triste, isso vai provocar medidas de retorsão" (russas), declarou desde Pequim, onde assiste à abertura oficial dos Jogos Olímpicos. Ele informou ao presidente americano, George W. Bush, durante um encontro bilateral em Pequim, de que voluntários russos estavam prontos a partir para combater na Ossétia do Sul e que seria difícil detê-los. Por sua vez, o presidente georgiano, Mikheïl Saakachvili, exigiu da Rússia que "pare com os bombardeios" das cidades georgianas, afirmando que seu país enfrentasse a uma "intervenção militar de grande envergadura". Moscou desmentiu que as forças aéreas russas tenham atacado a Geórgia. Segundo a televisão georgiana Roustavi, aviões russos teriam também bombardeado Gori, a cidade natal do ex-diretor soviético Joseph Stalin, situado a oeste de Tbilissi, a 33 km de Tskhinvali. Numa declaração televisionada, Saakachvili lançou apelo a uma "mobilização total" de seu país. Antes, o general Mamouka Kourachvilili, chefe das forças georgianas de manutenção da paz na Ossétia do Sul, declarou que Tbilissi tinha decidido restaurar a ordem constitucional na zona de conflito. Em Moscou, as autoridades, sob a direção do presidente Dmitri Medvedev, estudam "medidas de urgência", ligadas ao restabelecimento da paz na região, anunciou o Kremlin citado pela agência Itar-Tass. As reações estão se multiplicando ao nível internacional. O conselho de segurança da ONU manifestou sua preocupação em relação ao agravamento da situação, mas não conseguiu entrar no acordo sobre uma declaração, pedindo ás partes que renunciem ao uso da força. A Otan, os EUA, o Conselho da Europa e a Ucrânia, parceira pró-ocidental da Geórgia no espaço pós-soviétivo, pediram o fim imediato dos combates. A Ossétia do Sul, que conta com cerca de 70 mil habitantes, proclamou a independência em 1992 após a queda da URSS e pretende se juntar à Federação da Rússia junto com os irmãos do norte.

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