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ONU fracassa em busca de consenso sobre conflito na Geórgia

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postado em 09/08/2008 20:04
Por falta de consenso, o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas não conseguiu emitir uma declaração conjunta pelo cessar-fogo na Geórgia neste sábado (09/08) e alertou sobre a extensão do conflito para fora da região separatista da Ossétia do Sul. Esta foi a terceira tentativa, em menos de 48 horas, do principal órgão da ONU de chegar a uma resolução para o confronto entre Rússia e Geórgia. "Infelizmente, minha conclusão é que será muito difícil, se não impossível, encontrar pontos de coincidência suficientes para elaborar uma declaração conjunta", explicou após a reunião o embaixador belga Jan Grauls, que ocupa a Presidência rotativa do Conselho de Segurança. Pela primeira vez, os membros terminaram o encontro sem fixar outra data a curto prazo para continuar com as negociações. Mais cedo, em entrevista à emissora americana CNN, o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, declarou que seu país está pronto para um cessar-fogo na Ossétia do Sul, se a Rússia detiver seus ataques. A Geórgia lançou um cerco à Ossétia do Sul na última quarta-feira, enviando tanques para a capital separatista, em tentativa de retomar o controle sobre a região. Em resposta, a Rússia tem bombardeado a Geórgia e realiza sobrevôos na região. O governo de Tblisi pediu apoio à ONU e acusou a Rússia de atacar a capital, portos e bases aéreas do país. Entenda as causas do conflito. Na saída da reunião, tanto Grauls como outros embaixadores na ONU alertaram sobre a extensão das hostilidades para fora da região separatista da Ossétia do Sul rumo a outros territórios da Geórgia, particularmente a Abkházia. Arte/Folha Online "Está claro que o conflito já se estendeu a outras áreas da Geórgia", declarou Grauls, que transmitiu também a "preocupação de vários membros com a progressiva e rápida deterioração da situação humanitária, com um crescente número de feridos e refugiados". Segundo o embaixador, "vários membros expressaram também seu apoio à integridade do território da Geórgia" e pediram "a cessação imediata das hostilidades e dos atos de violência". "Nesse sentido, expressaram o firme apoio aos esforços de mediação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e a União Européia (UE)", afirmou. O embaixador da Rússia na Geórgia, Vyacheslav Kovalenko, disse neste sábado que ao menos 2.000 civis morreram em Tskhinvali, considerada a capital da Ossétia do Sul, em razão dos confrontos. Abkházia As tropas da região separatista da Abkházia avançaram suas posições em cerca de 50 km ao sul em direção ao local onde estão grupos de militares da Geórgia, segundo a agência russa Interfax. A Abkházia, no litoral do mar Negro, expressou seu temor de que a Geórgia possa invadir o território após lançar a operação para retomar o controle na Ossétia do Sul. As autoridades dessa região separatista afirmaram neste sábado que a Geórgia estava reforçando suas tropas nas suas fronteiras. "Por ordem do presidente (da Abkházia), decidiu-se mover as Foras Armadas da república para a fronteira da zona de segurança na área de Gali", disse Kristian Bzhaniya, representante do auto-declarado presidente da região. A cidade de Gali fica a cerca de 12 km da fronteira exata da Abkházia com a Geórgia. Outra autoridade da região separatista declarou mais cedo neste sábado que as forças da Geórgia na fronteira haviam quadruplicado desde o início da operação na Ossétia do Sul. O chanceler da região separatista, Sergei Shamba, declarou que a artilharia da Abkházia e aviões atacaram forças da Geórgia em Kodori, uma área estreita que corta seu território e é uma rota ideal para qualquer invasão na região. Considerada uma importante rota de transporte de petróleo e gás natural na fronteira russa, a Ossétia do Sul autoproclamou independência da Geórgia em 1992, após a queda da União Soviética. O território conta com o apoio de Moscou para a separação - inclusive por abrigar muitos cidadãos russos -, mas a Geórgia não reconhece a independência. Os episódios recentes causam temor na região graças às ameaças de reativar o conflito que deixou 2.000 mortos entre 1990 e 1992.

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