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Sem-terra paraguaios reiteram ameaça contra brasileiros

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postado em 12/08/2008 17:17
A Organização Nacional Campesina (Onac), uma organização de camponeses paraguaios, reiterou nesta terça-feira (12/08) sua luta para expulsar do Paraguai todos os colonos brasileiros que cultivam soja em terras que, segundo eles, serão destinadas à reforma agrária. A líder da terceira maior agrupação de sem-terra do país, Ana Mujica, disse que nos Departamentos (Estados) de Concepción e Kanindeyú, a 300 e 500 quilômetros ao norte de Assunção, respectivamente, "os colonos brasileiros ocupam terras sujeitas à reforma agrária, gerando uma situação ilegal". "Queremos que o próximo governo os expulse", afirmou. "As terras são dos paraguaios. Os estrangeiros não cuidam da ecologia, depredam os montes apenas para cultivar soja", acusou Mujica. Recentemente, o maior produtor de soja do Paraguai, Tranquilo Favero, de nacionalidade brasileira, disse que tem "35 mil hectares de terras, mas elas são exploradas com racionalidade, inclusive de acordo com as leis ambientais". "Do total, 15 mil hectares são bosques naturais de reserva nativa e eu estou numa boa com os camponeses, não temos problemas", disse o fazendeiro. Outro brasileiro, Ulisses Teixeira, possui 30 mil hectares dedicados ao cultivo da soja e à exploração de madeira. Mas cerca de 200 sem-terra paraguaios estão acampados nos limites da fazenda de Teixeira prontos para ocupar uma área de 400 hectares no distrito de Aguerito, no Departamento de San Pedro. Ao longo de quase 1,3 mil quilômetros de fronteira seca com o Brasil, nos Departamentos de Alto Paraná, Kanindeyú e Amambay, existem dezenas de povoados com milhares de imigrantes brasileiros dedicados à agricultura. O futuro ministro paraguaio de Agricultura e Pecuária, Cándido Vera, denunciou hoje que o líder camponês Elvio Benítez, integrante da Mesa Coordenadora de Organizações Camponesas (MCNOC, na sigla em espanhol), "é um anarquista por anunciar invasões maciças contra propriedades privadas". Vera será ministro do governo do presidente eleito Fernando Lugo, que toma posse na sexta-feira.

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