postado em 14/08/2008 16:22
MOSCOU - O balanço anunciado de 1.600 mortos durante o ataque das forças armadas georgianas contra a região separatista da Ossétia do Sul na madrugada de 8 de agosto continuava impossível de ser confirmado nesta quinta-feira (14/08), num momento em que circulavam números contraditórios.
A Rússia justificou a entrada de suas tropas na Ossétia do Sul pelo alto número de mortos, acusando a Geórgia de "genocídio" contra a população local, composta no total de 70.000 habitantes. O número de 2.000 mortos também foi mencionado.
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, respondeu qualificando este balanço de "mentira flagrante", denunciando uma "campanha de desinformação de estilo soviético".
Anna Neistat, da ONG americana Human Rights Watch (HRW), também questionou o número depois de ter se encontrado com vários médicos de Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul e alvo principal do ataque georgiano.
"Este número é duvidoso, parece alto demais", declarou Neistat à rádio Echo de Moscou. "Nos conflitos armados desse tipo, o número de feridos é três vezes superior ao número de mortos. Até agora, não há notícia de 6.000 feridos", argumentou.
De acordo com um médico do hospital de Tskhinvali citado pela HRW, 44 corpos foram transportados para o estabelecimento, onde 273 feridos foram atendidos. Segundo ele, o hospital acabou recebendo a maioria dos corpos de vítimas, já que o necrotério local não funcionava mais.
Investigadores enviados pelo Ministério Público da Rússia para determinar se um genocídio foi perpetrado disseram ter identificado 60 corpos de civis em Tskhinvali.
"Identificamos 60 corpos até agora. É difícil dar um número exato porque muitas pessoas foram enterradas nos jardins" das casas, declarou à AFP um dos investigadores, Alexander Dyrmanov.
Um dirigente osseta mencionou o número de 200 mortos, destacando que o balanço iria aumentar.
"Estamos sempre encontrando novos corpos. Identificamos 200 até agora, e cerca de 500 pessoas ainda estão desaparecidas", afirmou à AFP o procurador-geral do governo da Ossétia do Sul, Taimuraz Khugayev.
O presidente osseta, Eduard Kokoity, havia anunciado o número de 1.400 mortos já no dia 8 de agosto, ou seja, no dia seguinte ao ataque georgiano contra a Ossétia do Sul.
"Pouco mais de 1.400 pessoas morreram. Esta informação ainda será verificada, mas é um número baseado em informações fornecidas por parentes" de vítimas, havia declarado Kokoity, segundo a agência Interfax.
No dia 9 de agosto, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, evocou "dezenas de mortos" e "centenas de feridos".
No mesmo dia, a porta-voz das autoridades ossetas, Irina Gagloyeva, mencionou 1.600 vítimas.