postado em 20/08/2008 10:12
ARGEL - A Argélia vem enfrentando há uma semana vários ataques sangrentos, com emboscadas e atentados suicidas, que deixaram mais de 70 mortos e várias dezenas de feridos no leste do país. Na quarta-feira pela manhã, dois carros-bombas explodiram no centro de Buira, a 120 km a sudeste de Argel, deixando 11 mortos e 31 feridos, segundo um balanço da rádio argelina.
O primeiro carro atingiu um ônibus estacionado perto de um hotel e o segundo foi lançado contra a sede da zona militar desta cidade, que faz parte do "quadrilátero da morte" formado por Argel, Buira, Tizi Ouzou e Bumerdes, na região de Cabília. Esta região montanhosa de floresta é o reduto de vários "emires" (chefes islâmicos), entre eles Abdelmalek Drukdel, conhecido como Abu Mussaab Abdeluadud, "chefe" da Al-Qaeda no Magreb islãmico (AQMI), braço da rede de Osama bin Laden, que reivindica os atentados suicidas cometidos desde 2007 na Argélia.
Este duplo atentado não foi assumido por nenhum grupo, e a rádio local não disse que foi um ataque suicida. Um dia antes, um atentado suicida deixou 43 mortos e 45 feridos em frente à academia de polícia de Issers, a 60 km de Argel, segundo um balanço oficial. Este atentado foi o mais mortífero na Argélia desde 11 de dezembro de 2007, quando dois edifícios públicos, entre os quais a sede do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), situados em bairros com segurança, foram alvos de dois ataques suicidas que deixaram 41 mortos e dezenas de feridos.
No domingo, grupos armados islâmicos armaram uma emboscada contra um comboio das forças de ordem de Skikda, a 350 km a leste de Argel, na qual oito policiais, três militares e um civil foi morto e 10 membros das forças de ordem ficaram feridos, segundo a imprensa. As forças de ordem mataram quatro islamitas numa operação após esta emboscada, informaram os jornais.
Na quinta-feira, o comando do setor militar de Jijel foi morto numa outra emboscada na zona montanhosa que cerca Skikda. Este aumento no número de atentados islamitas antecede o mês do Ramadã, comemorado em setembro. Os "emires" consideram o mês sagrado um período propício para a "jihad" (guerra santa) e que promete o paraíso a seus adeptos mártires durante este mês.
Segundo especialistas contra o terrorismo, os emires procuram assim expandir sua zona de atuação para além do "quadrilátero da morte", para obrigar as forças de ordem a aliviar a pressão que eles sofrem na Cabília. A última operação do exército na Cabília, em 8 de agosto, em represália a um ataque camicase contra o comissariado das informações gerais de Tizi Ouzou, terminou com a morte de 12 islamitas.
Fontes não oficiais falam em entre 300 e 400 islamitas armados espalhados pelo território. O fundador e ex-chefe do Grupo salafita para a pregação e o combate (GSPC, rebatizado AQMI) Hassan Hattab pediu a eles que renunciem à luta armada e entreguem suas armas pouco depois do atentado de terça-feira em Issers. O governo argelino reafirmou por sua vez sua determinação em combater o terrorismo, até sua eliminação total.