postado em 27/08/2008 12:56
GENEBRA - Muitas pessoas são mal informadas a respeito dos fatores de risco do câncer, acreditando que comer frutas e legumes protege mais da doença do que parar de consumir álcool, revela um estudo divulgado nesta quarta-feira (27/08) em Genebra.
"Muitos têm crenças errôneas sobre o que causa o câncer, e têm a tendência de superestimar a ameaça proveniente de fatores ambientais, que têm relativamente pouco impacto, minimizando os perigos de seu próprio comportamento", segundo a União Internacional contra o Câncer (UICC).
O estudo, apresentado pela UICC para a abertura em Genebra de um congresso mundial sobre a doença, foi realizado no ano passado com cerca de 30 mil pessoas de 29 países do mundo inteiro pelo Roy Morgan Research e pelo Gallup International.
Segundo essa pesquisa, nos países desenvolvidos como Estados Unidos, Grã-Bretanha ou Espanha, 59% das pessoas pesquisadas pensam que não comer frutas e legumes em quantidade suficiente aumenta o risco de câncer. O consumo de álcool é considerado um fator de risco por apenas 51% deles.
Pior ainda, 42% das pessoas consultadas nos países ricos estão convencidas de que o consumo de álcool não aumenta o risco de câncer. "As provas científicas de um eventual efeito protetor das frutas e legumes são muito menores do que aquelas que estabelecem o caráter nocivo do consumo de álcool", revela a UICC.
"Em geral, as pessoas têm tendência a acreditar que os fatores que não estão sob seu controle (como a poluição do ar) são mais importantes que os fatores que dependem de seu comportamento (como a obesidade e o tabaco)", lamenta a organização.
Habitantes de países em desenvolvimento adotam freqüentemente uma atitude fatalista frente à doença: 48% das pessoas consultadas nesses países consideram que "não se pode fazer grandes coisas" para tratar o câncer, contra apenas 17% que têm essa opinião nos países ricos.
"Essa opinião conformista é muito preocupante porque ela dissuade as pessoas a participar de campanhas de prevenção, tão importantes para salvar vidas", adverte a UICC. Esse estudo mostra que "as mensagens mais importantes não são entendidas", ressaltou o presidente da UICC, David Hill.
"As pessoas têm necessidade de saber por que devem mudar, precisam que se mostre a elas como mudar, precisam de meios ou de apoio para mudar, que as lembremos de que é preciso mudar", insistiu. "O câncer mata mais do que a malária, a Aids e a tuberculose juntas", lembra a UICC.
"A cada ano no mundo, mais de 11 milhões de novos casos são detectados", lembra a organização internacional. "Se nada mudar, esse número chegará até 2030 a quase 16 milhões de novos casos, com cerca de 11,5 milhões de mortes por ano", adverte a UICC.