postado em 28/08/2008 18:32
Buenos Aires - A justiça argentina condenou nesta quinta-feira (28/08) à prisão perpétua o general da reserva Antonio Bussi, interventor na província de Tucumán durante a ditadura (1976-83), a qual chegou a governar também durante o período democrático, e seu chefe militar, o ex-general Luciano Menéndez, pelo assassinato de um senador.
Indiciados por centenas de crimes de lesa-humanidade, Bussi, de 82 anos, e Menéndez, de 81, foram julgados pelo seqüestro, tortura e assassinato do senador peronista Guillermo Vargas Aignasse, em um processo iniciado em 5 de agosto por um tribunal federal de Tucumán (norte).
O senador e físico com militância universitária tinha 33 anos quando foi seqüestrado de sua casa, em Tucumán, na madrugada do golpe de Estado de 24 de março de 1976, diante de sua mulher e dos dois filhos pequenos, cujos depoimentos foram ouvidos no tribunal.
Antes do anúncio do veredicto, de condenação aos militares, ambos os acusados remontaram à ditadura e às suas políticas de terrorismo de Estado, enquadrando-as em uma "guerra contra a subversão marxista".
Bussi se considerou "um perseguido político pelos derrotados do passado, em uma guerra justa e necessária", contra o que chamou "de agressão marxista e leninista".
Na terça-feira, a promotoria havia pedido "prisão perpétua em um presídio comum" para os dois réus, de modo que não pudessem se beneficiar da domiciliar por terem mais de 70 anos mas a solicitação foi indeferida.
Depois de conhecida a sentença, os manifestantes que estavam do lado de fora do tribunal demonstraram satisfação, embora alguns tenham protestado com violência justamente porque Bussi não ficará em cárcere comum.
Os manifestantes tentaram romper o isolamento mantido pela polícia diante da sede do tribunal, enfrentando-a com paus e pedras.
Antonio Bussi é considerado uma figura emblemática da chamada luta anti-subversiva na Província de Tucumán (norte), onde atuavam grupos guerrilheiros antes do golpe de Estado de 1976.
Interventor de Tucumán durante a ditadura militar, com a volta da democracia Bussi fundou e liderou o partido de direita Força Republicana, com o qual conquistou o governo em 1995 e, mais recentemente, a prefeitura da capital provincial.