postado em 29/08/2008 08:15
LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou nesta quinta-feira, por decreto, o referendo para aprovar, no próximo dia 7 de dezembro, a nova Constituição, rejeitada pelos governadores de cinco dos nove departamentos bolivianos. Morales fez o anúncio em um ato no Palácio Quemado, onde também convocou, para a mesma data, os referendos para definir a extensão das terras privadas agrícolas e a eleição dos novos governadores dos departamentos de La Paz e Cochabamba, cujos dirigentes foram removidos no referendo de 10 de agosto passado.
"Decreto a data do referendo nacional constituinte para o 7 de dezembro de 2008", diz um dos artigos do texto, lido pelo ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana. "É um dia histórico, porque o decreto garante a aprovação da nova Constituição", destacou Morales. "Estamos falando de transformações profundas na democracia".
O ato foi assistido por ministros, comandantes militares e líderes camponeses e operários. Na primeira reação à medida, o governo de Santa Cruz, a região mais rica da Bolívia, "rejeitou a política de imposições" que La Paz pretende implantar "com este decretaço".
O secretário-geral do governo de Santa Cruz, Rolando Aguilera, disse que Morales "não quer uma aproximação real entre as partes". "A população exige um acordo pacífico, e não a imposição de decretos". Morales está "sepultando a democracia".
O decreto de Morales ocorre horas após os governadores dos cinco departamentos de oposição rejeitarem a medida, afirmando que não permitirão a realização do referendo constitucional em suas regiões.
A oposição alega que a nova Constituição foi aprovada, em dezembro de 2007, de maneira irregular, sem debate ou consenso, e os governadores dos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca prometem radicalizar para evitar o referendo.
A situação na Bolívia está tão tensa que na quarta-feira Morales foi obrigado a utilizar um aeroporto brasileiro para retornar a La Paz, após opositores impedirem o reabastecimento de seu helicóptero. Morales, que viajaria de Guayaramerín a La Paz, teve o abastecimento de seu helicóptero impedido por um grupo de jovens, e decidiu seguir por terra para Guajará-Mirim, no Brasil, onde foi "resgatado" por um avião da Força Aérea Boliviana.