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Chávez fecha acordos com Paraguai e Uruguai

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postado em 30/08/2008 13:59
Nas últimas semanas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu passos importantes na direção dos sócios menores do Mercosul: Paraguai e Uruguai. Os ministros das Relações Exteriores do Uruguai, Gonzalo Fernández, e da Venezuela, Nicolás Maduro, fecharam em Montevidéu acordos de cooperação nas áreas energética, biotecnológica, agropecuária e de telecomunicações ; uma empresa chinesa está construindo o satélite conjunto, que se chamará Simón Bolívar. Maduro anunciou também a decisão de tornar efetiva a isenção de tarifas alfandegárias para 214 produtores uruguaios. Durante a cerimônia de posse do presidente paraguaio, Fernando Lugo, a Venezuela acenou com 12 convênios nos setores agrícola, socioeducativo e energético. ;Assinamos o primeiro acordo de fornecimento ao Paraguai que prevê todo o petróleo que ele precisar, até a última gota, para o desenvolvimento do povo, agricultura e indústria paraguaios;, afirmou Chávez na ocasião. O Paraguai tornou-se, ainda, o novo sócio do canal de TV Telesur, financiado em grande parte pelo governo venezuelano. ;Hugo Chávez precisa ampliar seu raio de ação, suas alianças. Por isso, vai agora em direção ao Uruguai e ao Paraguai;, disse ao Correio o professor de Ciências Políticas Trino Márquez, da Universidade Central da Venezuela. Para Márquez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até o momento aparecia como um aliado importante de Chávez, parece ter se distanciado. O mesmo ocorreu com o equatoriano Rafael Correa, que não apoiou todas as vontades do venezuelano. ;O único aliado incondicional continua sendo o presidente da Bolívia, Evo Morales, já que subsídio de Caracas ao governo boliviano se converteu numa das principais fontes de renda.; O professor considera que a presidenta argentina, Cristina Kirchner, se mantém como uma aliada importante, mas o país apresenta ;uma situação interna muito delicada;. Inflação Acima de tudo, a Venezuela precisa de aliados no Mercosul para garantir o fornecimento de produtos em tempos de inflação alta. ;Estamos importando 60% dos alimentos;, alertou Márquez, para quem o quadro interno vai piorar com um pacote recente de 26 leis assinadas por Chávez. ;O investimento agrícola e industrial vai cair, uma vez que são leis que atacam de maneira muito dramática a propriedade privada. Com isso, o desemprego e a inflação aumentarão.; Para Francisco Segura, professor de relações internacionais e direito privado da Universidade Autônoma de Assunção, ;o projeto de Chávez é mais ambicioso que o Mercosul, pois se trata de criar uma hegemonia venezuelana em toda a região;. Caso o Paraguai aprove logo o ingresso da Venezuela no Mercosul, deixará o Brasil como o único que nega a adesão e criará uma situação incômoda para o Planalto. Segura disse que ;Lugo, com muita inteligência, está se fazendo de ;rainha da festa;, flertando com Venezuela e Brasil para conseguir o máximo possível ou o melhor de cada um;. O professor paraguaio acredita que a aliança de Chávez com Lugo será feita de forma direta, por meio de investimentos, capitalização de empresas públicas e a compra de títulos da dívida pública, como ocorre com a Argentina. ;Aí é onde o Brasil ver-se-á indiretamente comprometido em renegociar as condições de Itaipu, porque se não pode acontecer como na Bolívia, onde perdeu sua hegemonia;, explicou Segura. No Uruguai, o sentimento em relação a Brasília é o mesmo. ;Falta visão para Argentina e Brasil sobre como se exerce uma liderança, em particular para o Brasil;, afirmou recentemente o ministro da Economia uruguaio, Danilo Astori, que deixará o cargo em 15 de setembro para concorrer nas eleições presidenciais do próximo ano. ;Temos assimetrias naturais, de tamanho, de disponibilidade de recursos, de população, mas existem assimetrias políticas;, acrescentou.

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