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Moscou pede objetividade à UE e Tbilisi exige sanções contra a "elite política"

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postado em 30/08/2008 14:28
A Rússia pediu neste sábado (30/08) aos europeus que sejam "objetivos" e enviem mais observadores para vigiar a Geórgia, a dois dias de uma cúpula da União Européia (UE) dedicada ao conflito e num momento em que Tbilisi exigiu sanções contra a "elite política" russa. A Rússia "se posiciona a favor do envio de observadores suplementares da OSCE à zona de segurança, e à instauração de uma vigilância imparcial das ações do governo georgiano", declarou o presidente Dmitri Medvedev durante uma conversa telefônica com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Moscou "espera um diálogo construtivo com a UE e com as outras organizações internacionais", prosseguiu. Observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) acusaram a Geórgia de ter tido um papel importante no agravamento da crise no Cáucaso, segundo a edição da próxima segunda-feira (1º/09) da revista alemã Der Spiegel, que citou "relatórios" enviados "de maneira informal" ao governo alemão. Medvedev garantiu que a Rússia "está respeitando totalmente os seis pontos" do plano de paz negociado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, e explicou os "motivos" do reconhecimento por Moscou da independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, dois territórios separatistas da Geórgia. Por sua vez, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, pediu à UE que analise de forma "realmente objetiva" a crise russo-georgiana e adote uma "posição razoável" sobre Moscou durante a cúpula de segunda-feira em Bruxelas. Ele também lançou uma nova diatribe antiamericana. "As autoridades americanas estavam a par da ofensiva que se preparava, e muito provavelmente participaram dela", denunciou. Tbilisi exortou a Europa a adotar sanções contra "a elite política" russa. "Isolar a Rússia não faz sentido, mas esperamos da UE sanções que não tenham como alvo a população, mas a elite política" russa, declarou à AFP o ministro da Reintegração dos territórios separatistas georgianos, Temur Yakobashvili. Após a ruptura, sexta-feira (29/09), das relações diplomáticas com Moscou, a diplomacia georgiana anunciou neste sábado (30/08) a intenção de limitar drasticamente o número de vistos concedidos aos cidadãos russos. A partir do dia 8 de setembro, eles só poderão ir à Geórgia para visitar suas famílias, por motivos "humanitários" ou para viagens de negócios. "Não haverá vistos de turismo", afirmou à AFP Khatuna Yossava, uma responsável georgiana. A presidência francesa da UE convocou a reunião de segunda-feira (1º/09) para definir uma posição comum sobre a crise russo-georgiana e decidir a atitude a ser tomada em relação a Moscou. O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, avisou sexta-feira que a declaração dos europeus sobre a Geórgia "irá além" de um simples apoio ao plano de paz já assinado por Moscou e Tbilisi. Entretanto, uma fonte próxima ao presidente Nicolas Sarkozy considerou que "a hora das sanções ainda não chegou". O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, disse que a Europa precisa desempenhar "um papel importante" na resolução da crise. Seu colega tcheco, Karel Schwarzenberg, se declarou favorável ao boicote dos Jogos Olímpicos de inverno de 2014 em Sotchi, o balneário do sudoeste da Rússia. A Casa Branca insistiu novamente na necessidade de preservar a integridade territorial da Geórgia, lamentando que a Rússia não esteja cumprindo com "todas as obrigações do acordo de paz". Além de tropas na Abkházia e na Ossétia do Sul, a Rússia mantém várias posições em território georgiano, sobretudo nos arredores do porto de Poti (oeste), onde o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, apareceu na noite de sexta-feira, sob os aplausos da população.

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