Mundo

Aula de geografia acabou sob escombros

;

postado em 31/08/2008 08:24
Juyuan ; Toda escola é um santuário. Um lugar erguido para tornar os seres humanos mais sábios, mais nobres, mais humanos. Mas nem tudo o que se aprende em uma escola é sagrado. E os estudantes do centro de ensino médio de Juyuan aprenderam essa lição da pior forma possível em 12 de maio. Juyuan é uma pequena e calma cidade, distante 47km de Chengdu, a capital da província de Sichuan. Apenas cerca de 30 mil pessoas vivem no lugar e, como sempre acontecia, a segunda-feira chegou tranqüila na terceira semana daquele mês. Mas a calmaria não duraria muito, para a infelicidade dos mais de 800 alunos daquela escola. O centro de ensino foi o local mais devastado pelos tremores na cidade. De acordo com o levantamento oficial, 290 pessoas, entre alunos e professores, morreram. E passados quase quatro meses da tragédia, quem conseguiu se salvar traz na mente as lembranças de um dia traumático.
Veja o vídeo de Luiz Roberto Magalhães em escolas da região
A aula era para ser de geografia. Mas o que a jovem Jiang não sabia é que ela estava prestes a entrar para a história da China como testemunha de um dos dias mais tristes no país. Assim que a terra tremeu a 33km de profundidade em Wenchuan, o ponto do epicentro do terremoto, o impacto se alastrou por toda Sichuan. Juyuan estava no meio do caminho. E o que sobrou para as crianças e adolescentes, bem como os professores da escola de ensino médio, foram momentos de terror e desespero. Jiang, uma aluna do segundo ano daquela que era a classe número cinco da escola, se recorda com precisão o que fazia quando o prédio onde estava começou a se desintegrar. ;Quando o terremoto aconteceu, eu estava na aula de geografia, no terceiro andar. Nós corremos para fora do prédio e tudo começou a cair. Mas as escadas ainda estavam de pé;, contou a menina, de 15 anos, que hoje vive em uma das vilas erguidas para abrigar as vítimas dos abalos. Por sorte, a sala de aula de Jiang era próxima da escada e rapidamente a maioria dos alunos da turma conseguiu deixar o prédio a tempo. ;Mais de 10 pessoas da minha turma ficaram feridas e duas morreram;, lamentou a aluna. ;A monitora da sala morreu. Ela era uma ótima aluna e, infelizmente, estava no primeiro andar quando o prédio caiu. Muitos dos meus amigos morreram naquele dia;, disse a jovem, com um semblante incrivelmente calmo, enquanto descascava algumas batatas para o almoço. Um pouco mais distante de Chengdu, a 80km da capital de Sichuan, as minas da região de Ying Xiu também sentiram a fúria do terremoto. Ma Xiao Rong, 19 anos, trabalhava no local quando a tragédia começou. Por sorte, Ma Xiao, assim como os outros funcionários, estava no horário do intervalo. ;Eu estava no segundo andar do prédio vendo televisão. Tudo começou a tremer muito. Primeiro foi o prédio de trás. Depois, o lugar onde eu me encontrava sacudiu;, lembrou a jovem. ;Eu não conseguia chegar à escada porque o prédio tremia muito. Me machuquei porque o sofá e a mesa se mexeram e me acertaram;, detalhou. ;Foi muito horrível. Só depois é que eu soube o tanto de gente que tinha morrido em todos os lugares. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação