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Primeiro-ministro japonês anuncia renúncia

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postado em 01/09/2008 09:31
TÓQUIO - O primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, anunciou nesta segunda-feira (1º/09) sua renúncia em uma entrevista coletiva. "Hoje decidi renunciar. Necessitamos de uma nova equipe para tratar com a nova legislatura", afirmou Fukuda. Numa reação imediata, a oposição japonesa criticou Fukuda pela decisão e exigiu eleições antecipadas. Fukuda, que passou um ano complicado no poder, marcado por difíceis batalhas com a oposição, anunciou que seu sucessor será eleito numa votação dentro do Partido Liberal Democrata (PLD, direita, no poder). A eleição designará o novo número um do PLD, que se converterá no primeiro-ministro, já que o partido contra com a maioria na Câmara dos Deputados. As eleições gerais só serão realizadas em setembro de 2009. O favorito para substituir Fukuda é Taro Aso, ex-ministro das Relações Exteriores conhecido por ser mais carismático e mais conservador que Fukuda, de 72 anos. Fukuda indicou ter tomado sua decisão devido à tensa situação no Parlamento. O opositor Partido Democrata (centro) ganhou o controle do Senado no ano passado e combate ferozmente as políticas de Fukuda. "O Partido Democrata tentou impedir cada projeto de lei e leva muito tempo para implementar qualquer política. Pelo bem do povo japonês, isso não deve se repetir", afirmou Fukuda. O PLD de Fukuda está no poder desde sua criação, em 1955, com exceção de 10 meses. Fukuda não tinha que convocar eleições até setembro do ano que vem. A oposição prometeu lutar pelo controle político na próxima eleição. Fukuda assumiu o poder há quase um ano com a esperança de ressuscitar o LDP, mas enfrentou duras críticas por apresentar um plano de cobertura médica muito impopular e que eleva os custos para muitos idosos. Na sexta-feira passada, o governo japonês anunciou um plano de reativação econômica de 11,7 trilhões de ienes (107 bilhões de dólares) para enfrentar os custos crescentes da energia e afastar o fantasma da recessão. O plano inclui medidas de apoio aos consumidores, às empresas e aos agricultores para reduzir o impacto do alto custo dos combustíveis, assim como garantias para pequenas e médias empresas com dificuldades para obter créditos. Os temores de recessão aumentaram no Japão após a divulgação este mês de uma contração do crescimento econômico de 0,6% no segundo trimestre do ano, em relação ao trimestre anterior. As medidas vinculadas ao crédito e aos gastos estatais representam grande parte deste pacote. Além disso, o governo estudará cortes de impostos sobre a renda. "Este pacote tem a finalidade de apoiar, de modo contínuo, a economia japonesa, assim como a qualidade de vida da população", disse o ministro da Economia, Kaoru Yosano, em entrevista à imprensa. Este anúncio foi feito após a divulgação dos dados oficiais sobre a inflação, que subiu 2,4% em julho em relação ao mesmo mês de 2007, contra 1,9% no mês anterior, devido ao aumento dos preços da energia e das matérias-primas. O Japão estava afundado em uma espiral deflacionária havia anos. O retorno da inflação despertou temores, porque é resultado somente do aumento dos custos de importação e não do vigor da economia doméstica.

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