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UE busca reforçar unidade frente à Rússia antes de reunião crucial

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postado em 04/09/2008 11:33
BRUXELAS - Os chanceleres europeus buscarão nesta sexta-feira e sábado, em Avignon (sul da França), reforçar sua unidade ante a Rússia visando uma reunião crucial, na segunda-feira, entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e seu colega russo, Dimitri Medvedev, sobre a crise na Geórgia. Quatro dias depois da reunião de cúpula extraordinária da União Européia (UE) de Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores dos 27 devem insistir na retirada das tropas russas para suas posições anteriores a 7 de agosto, conforme o plano de paz de seis pontos negociado por Sarkozy, presidente em exercício da UE. Preocupados em manter o diálogo, os líderes europeus descartaram qualquer sanção imediata contra Moscou, limitando-se a congelar as negociações sobre uma associação reforçada UE-Rússia. Mas a Rússia, pouco afetada por esta medida, assegura que a manutenção de algumas de suas tropas na região separatista georgiana da Ossétia do Sul se ajusta ao ponto 5 do plano de paz. Esta posição demonstra a ambigüidade de um texto negociado às pressas pelos presidentes russo e georgiano, Mikhail Saakashvili, em 12 de agosto para obter um cessar-fogo e evitar uma escalada do conflito, e prognostica difíceis negociações entre Medvedev e Sarkozy. Para preparar o terreno, os chanceleres deverão discutir sobre as características da missão européia que seria mobilizada nas próximas semanas, na Geórgia, para fiscalizar o respeito ao cessar-fogo. Se o princípio de uma "presença européia" na região foi convalidado na cúpula de Bruxelas, sua eficácia dependerá em grande parte da cooperação dos russos, tal como admitem os diplomatas da UE. O chefe da diplomacia européia, Javier Solana, que viajará com Sarkozy, quer que esta missão civil seja implementada em várias fases, primeiro no território georgiano que não é alvo de disputas e depois nas zonas de segurança ao redor das regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia, atualmente patrulhadas pelos russos. Um dos principais pontos das negociações de segunda, durante as quais Sarkozy anunciará a realização de uma conferência internacional sobre a estabilidade no Cáucaso, consistirá em ver em que medida a missão civil européia poderá ter acesso às zonas em questão. Durante sua reunião informal em Avignon, os chanceleres analisarão, além disso, todos os aspectos das relações com a Rússia depois da queda da União Soviética. Mas o objetivo prioritário será não afetar a unidade obtida na cúpula de Bruxelas frente a uma Rússia que, desde 2004, se opõe à "Velha Europa". Mas, para reforçar essa unidade, o chanceler francês, Bernard Kouchner, que presidirá os debates, convidou seus 26 colegas para ir a Avignon juntos em um trem de alta velocidade a partir de Paris. Apenas o italiano Franco Frattini decidiu chegar a Avignon por seus próprios meios. Em paralelo às discussões sobre a Rússia, os ministros abordarão outros temas, como as relações da UE com os Estados Unidos e suas prioridades visando à mudança de governo na Casa Branca, depois das presidenciais de novembro.

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