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Asif Ali Zardari, o "Senhor 10%", é o provável novo presidente do Paquistão

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postado em 05/09/2008 23:39
Conhecido como ;senhor 10%;, pelos subornos que cobrava, após ser preso, exilado e desprezado pelos paquistaneses, Asif Ali Zardari, líder do Partido Popular do Paquistão (PPP), deve chegar à Presidência como herdeiro da dinastia Bhutto. A força da legenda que comanda e de seus aliados nas assembléias do país, encarregadas da votação, coloca-o como favorito para suceder Pervez Musharraf, que renunciou ao ser ameaçado de impeachment. Para chegar onde chegou, Zardari fez um casamento de conveniência do PPP com seu maior rival, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, que lhe acusou de corrupção e conseguiu condená-lo a quase 11 anos de prisão. Depois de atingir seus objetivos, rompeu o acordo político. Nascido em Nawabshah, na província de Sindh (sudeste), no dia 21 de junho de 1956, em uma família de fazendeiros, o favorito à presidência do Paquistão, única potência atômica islâmica do mundo, cursou apenas o ensino médio. Em 1987, casou-se de maneira arranjada com Benazir Bhutto, herdeira de uma dinastia política, educada em Oxford e que um ano depois ; com apenas 35 ; se transformara na primeira mulher à frente do governo do Paquistão. Comandando uma caixinha, Zardari foi acusado de extorsão e passou três anos na prisão, até ser indultado quando sua mulher recuperou o poder, em 1993. Bhutto caiu outra vez em outubro de 1996, e Zardari voltou para a prisão, desta vez por um período de oito anos, nos quais surgiram várias acusações contra ele, entre elas o assassinato de seu cunhado, Murtaza Bhutto. O PPP sempre alegou que as acusações foram motivadas politicamente e que seu período na prisão e as torturas que sofreu prejudicaram gravemente a saúde do candidato, que é diabético, tem problemas cardíacos e sofre com dores nas costas. ;A corrupção é um estado mental. Uma pessoa corrupta não teria sacrificado oito anos de sua vida na prisão. Poderia ter aceito um acordo e seguir para o exílio;, disse em entrevista em 2005. A prisão, o exílio e a morte de Bhutto em um atentado no fim de 2007 separaram de vez o casal, que passou somente cinco anos junto e teve três filhos: Bilawal, em 1988, Bajtawar, em 1990, e Asafa, em 1996. Quando foi libertado em 2004, Zardari se mudou para Nova York e não para Dubai, onde sua esposa e filhos viviam no exílio desde o começo de 1999. ;Sou um completo estranho para meus filhos;, lamentou, embora vivesse em meio ao prazer e ao luxo nos Estados Unidos. Benazir sempre defendeu-o, negando os rumores venenosos sobre seu afastamento, mas estava sozinha, quando retornou ao Paquistão, no dia 18 de outubro de 2007, após ser anistiada por Musharraf. Seu assassinato em um atentado em 27 de dezembro de 2007 precipitou a ascensão de Zardari à cúpula do PPP. Nos meses seguintes, ele se aproximou cada vez mais do poder, alternando períodos em Islamabad com viagens de negócio ao exterior, sem se esquecer de estimular o culto de muitos paquistaneses à dinastia política da qual herdou o mandato.

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