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Dinheiro da maleta era para campanha de Cristina Kirchner, diz Promotoria

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postado em 09/09/2008 16:14
Os 800 mil dólares em uma maleta enviada pela Venezuela à Argentina "eram dinheiro para a campanha presidencial da então candidata na Argentina Cristina Kirchner", afirmou um promotor americano em um tribunal de Miami, mencionando gravações obtidas pelo FBI. De acordo com o promotor Thomas Mulvihill, essas gravações "mostram claramente para onde ia o dinheiro". "O dinheiro era para a campanha de Cristina Kirchner, e foi Franklin Durán quem disse a Antonini qual era o destino do dinheiro", acrescentou. Em agosto de 2007, Guido Antonini levou, de Caracas para Buenos Aires, a maleta com os supostos fundos eleitorais. Cristina Kirchner venceu as eleições em outubro daquele ano e substituiu seu marido, Néstor Kirchner, no governo. Acusação e defesa apresentaram, nesta terça (09/09), seus respectivos argumentos ao júri que se encarregará de julgar o empresário venezuelano Franklin Durán, acusado pelo governo dos Estados Unidos de atuar em Miami como agente da Venezuela para ocultar a origem e o destino do dinheiro. Com essa revelação, os presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Argentina, Cristina Kirchner, foram indiretamente envolvidos no caso. A atual presidente argentina negou que sua campanha tenha recebido contribuições de fundos venezuelanos. O advogado de defesa de Durán, Ed Shohat, disse que Antonini queria obter um acordo com o governo da Venezuela para encobrir os fatos, assim como documentação falsa, e exigia o pagamento de dois milhões de dólares. "Antonini dizia a funcionários do governo da Venezuela: se não me derem dois milhões de dólares conto tudo à imprensa (...) inclusive escreveu uma carta para o presidente Chávez", disse Shohat ao júri. Além de Durán, outros dois venezuelanos - Carlos Kauffman e Moisés Maiónica - e um uruguaio - Rodolfo Wanseelee - foram acusados pelos EUA de agirem em Miami como agentes disfarçados da Venezuela com o mesmo objetivo: convencer Antonini a ocultar a origem e o destino do dinheiro. A acusação do promotor, reiterada nesta terça-feira perante o júri, mencionou uma forte intervenção da inteligência venezuelana, inclusive de seu diretor, o general Henry Rangel Silva, para encobrir o escândalo. Os outros três acusados se declararam culpados antes do julgamento, e suas sentenças serão proferidas nos próximos dias. Antonini Wilson chegou a Buenos Aires no dia 4 de agosto de 2007, proveniente de Caracas, com um grupo de funcionários venezuelanos e argentinos e uma maleta na mão. A maleta do escândalo foi apreendida pela Alfândega argentina quando Antonini não soube explicar o motivo pelo qual entrava no país com 800.000 dólares. O empresário não foi detido em Buenos Aires e retornou para Miami, onde mora. Em Miami, teve várias reuniões com venezuelanos para discutir o escândalo deflagrado nesse país e na Argentina. Alguns deles, supostamente enviados diretamente pelo governo de Chávez. Antonini ofereceu seus serviços ao FBI e gravou os encontros e as conversas telefônicas. Desde então, manteve-se escondido e em absoluto silêncio, mas deve testemunhar no julgamento.

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