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Expulsão de embaixador americano em La Paz abre crise regional

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postado em 11/09/2008 23:25
A expulsão do embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Philip Goldberg, intimado a deixar o país no prazo de 72 horas, levou Washington a exigir a saída do representante diplomático boliviano nos EUA, provocando reação igual da Venezuela, que exigiu a partida do embaixador americano em Caracas. "De acordo com o procedimento diplomático, há de 48 a 72 horas" para que Goldberg abandone a Bolívia, afirmou o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, após o presidente Evo Morales declarar o diplomata "persona non grata" por incitar a divisão em seu país e promover o separatismo, no momento em que a Bolívia enfrenta distúrbios em cinco dos nove departamentos do país. O governo americano reagiu expulsando o embaixador boliviano em Washington, Gustavo Guzmán, em resposta "a decisão gratuita e, em conformidade com a Convenção de Viena", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack. Após a decisão americana, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou a saída do embaixador dos Estados Unidos em Caracas, Patrick Duddy, para demonstrar solidariedade à Bolívia. "A partir deste momento, o embaixador ianque em Caracas tem 72 horas para sair da Venezuela (...) Vão pro caralho, ianques de merda", disse Chávez em um comício na cidade de Puerto Cabello, 120km a oeste de Caracas. Chávez também ameaçou suspender a venda de petróleo aos Estados Unidos, seu principal comprador, caso Washington ataque seu governo: "Se ocorrer qualquer agressão (americana) à Venezuela, não haverá petróleo para o povo dos Estados Unidos". O líder venezuelano já tinha acusado Washington nesta quinta-feira de "estar por trás de todas as manobras" de desestabilização política que ocorrem na América Latina, ao denunciar a participação dos Estados Unidos em uma tentativa de golpe contra seu governo, liderada por militares da ativa e da reserva. A situação do embaixador Goldberg era difícil desde seu encontro com o governador de Santa Cruz, Ruben Costas, o maior inimigo do presidente boliviano e um dos líderes da atual onda de protestos no país. Morales trava há meses uma dura batalha com os governadores da chamada Meia Lua, região formada pelos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca, que rejeitam a nova Constituição e exigem uma maior autonomia em relação a La Paz. O movimento contra Morales foi radicalizado nos últimos dias nas cinco províncias opositoras, com o bloqueio de estradas e a ocupação de prédios e instalações estatais, e hoje morreram oito pessoas nos confrontos entre opositores e partidários do presidente, no departamento de Pando, na fronteira entre Bolívia e Brasil.

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