postado em 12/09/2008 09:49
MIRANSHAH - Um míssil supostamente disparado por um avião americano sem piloto procedente do Afeganistão matou nesta sexta-feira (12/09) 12 pessoas no noroeste do Paquistão, zona considerada santuário da rede islâmica Al-Qaeda e das milícias talibãs pelos Estados Unidos. Este novo bombardeio ocorreu logo após uma ríspida troca de acusações entre Estados Unidos e Paquistão, aliados na "guerra contra o terrorismo".
O Exército paquistanês reiterou sua posição nesta sexta-feira, com um comunicado no qual o chefe de Estado-maior, Ashfaq Kayani, defende a conservação da "integridade territorial" do país. Os Estados Unidos ameaçaram multiplicar as operações militares nas zonas tribais paquistanesas com o Afeganistão, mas o Paquistão jurou se opor a elas "a qualquer preço".
O míssil desta sexta-feira caiu em uma casa de Tol Khel, no subúrbio de Miranshah, principal cidade do distrito tribal do Waziristão Norte, considerado reduto dos talibãs paquistaneses que acolhem e apóiam combatentes estrangeiros da Al-Qaeda, declarou um alto funcinário da administração local, que pediu anonimato.
"Este ataque, ocorrido antes do amanhecer, destruiu uma casa e matou 12 pessoas e deixou outras 10 feridas", acrescentou a fonte. Estas informações foram confirmadas por outra fonte da administração do distrito e dos oficiais das forças de segurança. Apesar dos protestos contra estes ataques no Paquistão, as forças americanas intensificaram consideravelmente o combate aos talibãs nos últimos meses, mas atingem com freqüência a população civil.
O ataque desta sexta-feira é o quarto disparo de um míssil ou de chuvas de mísseis no noroeste paquistanês em uma semana, que mataram pelo menos 38 pessoas, entre elas civis.
As autoridades locais afirmaram que a casa atacada nesta sexta-feira era alugada por uma organização fundamentalistas muçulmana afegã, Al-Badar, apoiada pelo ex-primeiro-ministro afegão, Gulbuddin Hekmatyar, e cujos partidários apóiam desde o fim de 2001 os insurgentes talibãs.
A República Islâmica do Paquistão, única potência nuclear militar do mundo muçulmano, já pagou um alto preço a esta luta, com mais de mil soldados mortos nas zonas tribais desde 2002 e, em particular, mais de 1.200 mortos numa campanha sem precedentes de atentados suicidas ocorridos há mais de um ano.