postado em 13/09/2008 08:29
A crise interna na Bolívia entre o governo de Evo Morales e a oposição regionalista se desdobrou em uma crise diplomática opondo os Estados Unidos a seus desafetos na América Latina, começando pelo próprio Morales e pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. Ontem, Washington anunciou a expulsão do embaixador venezuelano, Bernardo Álvarez, um dia depois de ter adotado a mesma medida contra o representante boliviano, Gustavo Guzmán. Em ambos os casos, tratou-se de resposta à expulsão dos embaixadores americanos na Bolívia, sob a acusação de conspirar com os líderes cívicos das regiões opositoras, e na Venezuela ; um gesto de ;solidariedade; do presidente Hugo Chávez para com o aliado boliviano.
Foi Chávez quem deu ao incidente ares de um confronto político, abusando do discurso ofensivo contra ;o império; no pronunciamento em que anunciou a expulsão do diplomata, a quem deu 72 horas para deixar o país. ;Vá para o inferno 100 vezes!”, exclamou o presidente venezuelano, que ainda mandou ;al carajo; os ;yanquis de mierda;. Chávez, que havia anunciado a prisão de alguns suspeitos de tramarem seu assassinato, acusou a embaixada americana de envolvimento no suposto complô. Também ameaçou, mais uma vez, cortar a exportação de petróleo para os EUA, que caiu 11% entre 2006 e 2007.
A resposta americana ao gesto de Caracas não se limitou à expulsão do embaixador. Washington decidiu também congelar os bens mantidos nos EUA por três altos funcionários venezuelanos, a quem acusa de colaborar, inclusive financeiramente, com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Dois dos punidos são oficiais de inteligência, e o outro é o ex-ministro do Interior Ramón Rodríguez Chacín, apontado também pelo governo colombiano como um dos principais elos das Farc com o esquema chavista.
O porta-voz do Estado, Sean McCormack, disse que a expulsão dos embaixadores americanos foi uma demonstração de ;fraqueza e desespero; por parte de dois líderes que, afirmou, não sabem enfrentar ;sérios desafios internos;. O funcionário americano negou qualquer tipo de conspiração contra Chávez ou Morales. ;São falsas as acusações levantadas contra nossos embaixadores. Nenhum país jamais conseguiu aumentar o bem-estar de seu povo hostilizando vizinhos e evitando integrar-se com as democracias do mundo;, disparou McCormack em um comunicado.
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