postado em 13/09/2008 18:34
Nova Délhi - Cinco bombas, que explodiram neste sábado de maneira sincronizada em vários mercados abarrotados da capital indiana, Nova Délhi, deixaram 22 mortos e pelo menos 90 feridos, em atentado reivindicado por um grupo radical islâmico.
A polícia afirma ter encontrado e desativado outros quatro artefatos que não chegaram a explodir, um deles na Porta da Índia, um dos maiores monumentos do país e um dos principais pontos turísticos da capital.
O grupo Mujahedines Indianos reivindicou a autoria dos atentados em um e-mail, enviado minutos antes da primeira explosão, segundo a agência estatal PTI. "Em nome de Alá, os Mujahedines Indianos voltaram. Façam o que quiserem. Detenham-nos se forem capazes", diz a mensagem do grupo.
Pouco se sabe sobre as origens dos Mujahedines Indianos, que já havia assumido a autoria do ataque que deixou 45 mortos em um centro comercial na cidade de Ahmedabad (oeste) em julho.
Os serviços de inteligência suspeitam que o grupo pode ser integrado por membros de outras organizações islâmicas proibidas pelo governo nos últimos anos, como o Movimento de Estudantes Islâmicos da Índia.
O governo decretou alerta máximo em todo o país depois dos atentados em Nova Délhi, reforçando a segurança em aeroportos, estações de trem e centros urbanos.
A polícia montou postos de controle nos acessos à capital e tropas paramilitares começaram a patrulhar as ruas.
As forças de segurança ordenaram a paralisação do metrô e iniciaram buscas por explosivos em cinemas e teatros, segundo testemunhas. Também fazem um trabalho de dispersão de concentrações de pessoas, temendo novas explosões.
As cinco bombas, de intensidade diferente e colocadas em vários pontos do centro de Nova Délhi, explodiram em um intervalo de 45 minutos.
Dois dos artefatos explodiram na Connaught Place, uma enorme praça composta por anéis onde se concentram centenas de lojas. Mais duas bombas foram localizadas na área, mas a polícia conseguiu desativá-las a tempo.
Outro bairro comercial, Greater Kailash, foi cenário de mais duas explosões. A polícia ainda procura por sobreviventes sob os escombros causados pelas potentes deflagrações no local.
"O fato das explosões terem ocorrido em mercados muito freqüentados aos sábados indica a intenção cruel de causar o maior número possível de vítimas e danos", afirmou o ministro do Interior, Shivraj Patil.
A Índia tem sido palco de potentes atentados nos últimos três anos. O mais violento até hoje aconteceu em Bombaim (oeste), em julho de 2006, deixando 186 mortos.
Em Nova Délhi, três atentados atribuídos a grupos islâmicos apoiados pelo Paquistão mataram 66 pessoas em 2005 e outras 14 em 2001. O Paquistão sempre negou qualquer vínculo com os terroristas.
O recém-eleito presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, condenou os ataques deste sábado.
"O povo e o governo do Paquistão compartilham a dor das vítimas e de seus entes queridos", declarou o viúvo da ex-premier paquistanesa Benazir Bhutto, que assumiu o governo na última terça-feira, condenando "qualquer ato de terrorismo perpetrado em qualquer lugar do mundo".
O ministro das Relações Exteriores britânico, David Miliband, afirmou que os "ataques indiscriminados" na Índia "lembram a ameaça do extremismo violento".