postado em 14/09/2008 17:55
Bogotá - Um grupo que diz lutar contra a "burocracia da arte" reivindicou o roubo da gravura do pintor espanhol Goya que desapareceu na quinta-feira em Bogotá, segundo comunicado revelado neste domingo.
O grupo, que se apresenta como Comando Arte Livre S-11 (em referência ao dia 11 de setembro), assumiu ter roubado a obra em uma mensagem enviada para a Fundação Gilberto Alzate Avendaño, onde a gravura 'Tristes pressentimentos' estava exposta.
A nota é entitulada "Goya, tua gravura volta à luta" e defende o furto da obra - que era exibida junto com outras 79 gravuras - como uma ação da arte livre contra a burocracia.
"Sua gravura rompe as teias-de-aranha do museu e se lança aos combates do presente. Passa para nossas mãos, para as mãos da arte livre de políticos, e aponta agora contra a imagem de todos esses burocratas exploradores do povo", diz a mensagem.
"Goya não está com eles, os oportunistas, mas sim com os oportunos. Por isso sua gravura passa para nossas mãos. Para as mãos do público que não vai a coquetéis, que não paga a entrada (de 2,4 dólares) cobrada pela Fundação Gilberto Alzate Avendaño para ver a exposição".
O coronel Yesid Vásquez, comandante operacional da Polícia de Bogotá, declarou estar analisando o texto, mas que "até agora não há indícios de que esse grupo exista. Pode ser para desviar as investigações, há inconsistências".
Carolina Potes, da empresa Old Masters Art Brokers, que organizou a exposição, estimou que os ladrões estão tentando disfarçar o crime com uma "ideologia política", pois perceberam o tamanho do que fizeram e constataram que "não vão enriquecer, porque não é uma obra de valor comercial".
Além disso, "Goya era um burguês, e não um combatente das idéias. Tudo isso é falso", argumentou.
A gravura, de 17,8 x 22 cm, corresponde à primeira impressão da série - realizada entre 1810 e 1814 - e integra o patrimônio cultural espanhol. Segundo os organizadores, a obra está segurada em 4.000 euros.