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Ex-oficial nazista é julgado por crimes de guerra cometidos há 64 anos

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postado em 15/09/2008 14:21
MUNIQUE - Um ex-oficial nazista que tem hoje 90 anos e que já foi condenado, à revelia, à prisão perpétua na Itália, negou nesta segunda-feira (15/09), na abertura de seu julgamento em Munique (sul da Alemanha), qualquer envolvimento em um massacre de civis cometido na Toscana, em 1944. Josef Scheungraber é acusado de ter ordenado represálias depois de um confronto com militantes italianos, quando comandava uma companhia militar. Quatorze civis foram mortos em 26 de junho de 1944 em Falzano di Cortona. A maioria das vítimas, com idades de 16 a 74 anos, foram presos dentro de uma fazenda. As portas foram fechadas, e o edifício detonado com dinamite. Somente um menino de 15 anos sobreviveu ao massacre. Algumas pessoas se manifestaram nesta segunda-feira diante do tribunal de Munique contra o "assassino" Scheungraber. O advogado do ex-nazista, Christian Stünkel, afirmou que seu cliente "nega todas as acusações". De acordo com Stünkel, Scheungraber não estava no local do massacre, e a acusação não tem nenhuma testemunha que possa provar o contrário. O tribunal queria ouvir o único sobrevivente do massacre, Gino Masetti, hoje com 79 anos. Porém, Masetti explicou à imprensa alemã que seu único desejo é "esquecer esses momentos terríveis". Josef Scheungraber já foi condenado à prisão perpétua em 28 de setembo de 2006 pelo tribunal militar de La Spezia (norte da Itália). No entanto, a Alemanha, que não extradita seus cidadãos contra sua vontade, nunca aplicou esta sentença. Assim, Scheungraber pôde continuar com sua vida tranqüila na Baviera, em sua cidade natal de Ottobrunn, onde se tornou depois da guerra uma personalidade local respeitada. Não se trata de um caso isolado. Como Scheungraber, muitos ex-oficiais nazistas condenados em La Spezia pelo massacre de centenas de civis italianos vivem tranqüilamente na Alemanha.

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