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Governador boliviano é preso pelas tropas durante o estado de sítio

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postado em 17/09/2008 07:56
Por volta das 10h desta terça-feira, 500 militares bolivianos marcharam pelas ruas desertas e destruídas de Cobija em direção à sede do governo de Pando. Sem enfrentar resistência, desalojaram os manifestantes que ocupavam o prédio e prenderam o governador Leopoldo Fernández, acusado de ser o comandante de um massacre de trabalhadores rurais conduzido na região por supostos opositores do presidente Evo Morales.

;Estamos alegres, porque o primeiro responsável foi preso. Queremos mais do que tudo justiça, e que os outros responsáveis também sejam presos;, disse ao Correio, por telefone, a secretária-executiva da Federação de Trabalhadoras Rurais em Pando Doris Domínguez. Indígenas e camponeses foram atacados a caminho de uma assembléia em Cobija, capital do departamento. Segundo informações oficiais, o saldo é de ao menos 15 mortos, 37 feridos e 106 desaparecidos.

Os sobreviventes começam a voltar para casa, apesar da insegurança, para procurar parentes perdidos e enterrar os mortos. Alguns dos feridos já receberam alta. Hoje à tarde, delegados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e representantes da Procuradoria e da Defensoria Pública, vão a Pando investigar denúncias de perseguição racial, violação do direito internacional humanitário e genocídio.

A comissão vai visitar o lugar dos conflitos, na região de Porvenir. ;Vamos buscar os mortos, descobrir onde estão enterrados e começar o reconhecimento;, revelou a dirigente sindical rural. Segundo o relato de diversos sobreviventes, os corpos eram enterrados à noite ou jogados no rio, para ocultar os assassinatos.

Morales anunciou a prisão de Fernández em uma entrevista coletiva. Afirmou que a detenção do líder oposicionista ;obedece a uma ação legal e constitucional;, e que os militares cumpriam as normas do estado de sítio em vigor em Pando. ;Ninguém pode se opor a isso quando se trata de defender a vida e o patrimônio do povo boliviano;, declarou o presidente. Ele também conversou por telefone com o colega Hugo Chávez, em um programa transmitido ao vivo pela TV venezuelana. ;O caso desse governador é muito grave. Não se pode libertar esse senhor que massacrou o povo;, insistiu.

Há alguns dias, Fernández negou o massacre em Pando e disse que havia ocorrido apenas ;um choque entre facções rivais;. O governo central o acusa de ser o instigador e principal responsável pela violência, e quer condená-lo a 30 anos de prisão. ;Se ele e os outros assassinos não ficarem atrás das grades, nunca teremos uma integração, não poderemos ir e vir no nosso próprio país;, afirmou Doris.

Russos sobrevoam a América do Sul


Dois bombardeiros russos Tupolev Tu-160, que participam de manobras com caças venezuelanos, sobrevoaram águas internacionais da costa leste da América do Sul, inclusive ao longo do Brasil, durante seis horas, segundo o porta-voz da Força Aérea russa, Valdimir Drik. Segundo ele, ;os vôos foram realizados em estrita conformidade com as regras internacionais, sem violar as fronteiras de outros países;.

A manobra foi vista com tranqüilidade pelo governo brasileiro. ;Em nenhum momento entraram em nossos limites territoriais, por isso não acompanhamos;, disse uma fonte da Força Aérea Brasileira (FAB). ;Os bombardeiros fizeram apenas um treinamento e estão desarmados;, afirmou um porta-voz do Itamaraty.

Os bombardeiros, os maiores em operação no mundo, chegaram à Venezuela no último dia 10 e seguirão amanhã para Moscou. Na volta, sobrevoarão o Oceano Atlântico e o Ártico. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou no dia 11 que a presença dos bombardeiros estratégicos russos em seu país era uma advertência para os Estados Unidos. Moscou realizará manobras navais com a Venezuela em novembro, no Caribe, numa zona considerada por Washington parte de sua esfera de influência. O anúncio coincide com a tensão entre Moscou e Washington por causa do conflito na Geórgia.

Negócios
Uma comitiva liderada pelo vice-presidente russo, Igor Sechin, que inclui executivos de importantes companhias, chegou ontem a Caracas. Sechin se encontrou com o vice-presidente venezuelano, Ramón Carrizalez. ;Revisamos todas as áreas de cooperação industrial, tecnológica, agrícola e militar, pois é uma cooperação integral;, disse Carrizalez. ;A relação com a Rússia está dentro do esquema de promover um mundo multipolar e de buscar alternativas para o desenvolvimento da Venezuela;, completou.

Segundo ele, seu país quer romper a dependência externa. ;Buscamos novos fornecedores que, além de vender seus produtos, transfiram tecnologia, como é o caso da Rússia.; Sechin chegou a Caracas vindo de Havana, sua primeira escala na América Latina.

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