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Primeira-ministra da Ucrânia se nega a renunciar após ruptura da coalizão

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postado em 17/09/2008 09:17
KIEV - A primeira-ministra ucraniana, Yulia Timoshenko, se negou nesta quarta-feira (17/09) a renunciar, como estipula um acordo político após a divisão da coalizão no governo pró-ocidental, e se mantém à espera de eleições legislativas antecipadas ou da formação de uma nova maioria. Apesar de um acordo que prevê a demissão do primeiro-ministro e do presidente do Parlamento em caso de ruptura da coalizão, Timoshenko afirmou que esta "não havia ocorrido" e que o presidente ucraniano Viktor Yushenko que a havia "abandonado unilateralmente". Devido a essa saída "o acordo de coalizão deixou de existir", denunciou. "Não somos um rebanho de ovelhas que salta para o abismo apenas porque uma delas o fez", acrescentou. O presidente do Parlamento, Arseni Iatseniuk, abandonou o cargo nesta quarta-feira. "É preciso chegar ao poder de forma digna e deixá-lo também de forma digna", afirmou. Nenhuma lei obriga Timoshenko a se demitir e sua atitude reflete a sua "cultura política", comentou o ministro da Justiça, Mykola Onishchuk, partidário de Yushenko, segundo a Interfax. O partido do presidente Nossa Ucrânia-Autodefesa Popular se retirou na terça-feira da aliança governista que formava com o bloco de Timoshenko depois que a formação desta última e a oposição pró-russa adotaram uma série de leis que reduzem os poderes presidenciais. As disputas recorrentes entre o chefe de Estado e a chefe de Governo -prováveis rivais nas eleições presidenciais previstas para o final de 2009 ou início de 2010- se exacerbaram durante o breve conflito armado entre Rússia e Geórgia no início de agosto. Yushenko apoiou a Geórgia, uma ex-república soviética como seu país, enquanto que Timoshenko se manteve neutra. Se uma maioria não for formada antes de meados de outubro, o presidente pode dissolver o Parlamento, uma saída para a crise que já é familiar para os ucranianos, que haviam sido convocados para eleições legislativas antecipadas em setembro de 2007. Nessas eleições o bloco de Timoshenko obteve 30% dos votos, o partido presidencial, 14% e os pró-russos do Partido das Regiões, 34%. Tanto os parlamentares quanto a imprensa especulavam nesta quarta-feira com a possibilidade de criação de uma nova aliança governista. Todas as atenções estão voltadas para os inimigos de ontem, o bloco Timoshenko e o Partido das Regiões que, se decidirem se unir, controlarão mais de dois terços dos assentos do Parlamento. As duas forças já se dividiram as cadeiras: Timoshenko manteria seu posto e o líder do Partido das Regiões, Viktor Ianukovich, seria o presidente do Parlamento, afirmou nesta quarta-feira o deputado pró-presidencial Andri Parubiy, citado pela Interfax. A chefe de governo o desmentiu: "Não há negociação alguma nem consulta neste sentido". Segundo um deputado de seu bloco, Olexandre Sotchka, caberia uma solução melhor: reconstituir uma união pró-ocidental com os deputados do pequeno bloco Litvin. Outra hipótese seria o presidente manter seu cargo e permitir que o governo trabalhe, apesar da inexistência de coalizão.

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