postado em 17/09/2008 16:05
Bagdá - O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, avisou na noite desta quarta-feira (17/09) que "sérios e perigosos obstáculos" estão impedindo a assinatura de um acordo de segurança entre Bagdá e Washington sobre o futuro da presença norte-americana no Iraque.
"Existem sérios e perigosos obstáculos à conclusão deste acordo", declarou Maliki durante um encontro com dirigentes de redes de televisão iraquianas, destacando que "ainda há divergências sobre a questão da imunidade dos soldados americanos".
O premier iraquiano pediu aos americanos que respondam o mais rápido possível às suas demandas para que o acordo possa ser concluído.
No fim de agosto, Washington solicitou aos iraquianos um prazo de 10 dias para poder responder às suas propostas sobre os pontos mais polêmicos do acordo. O prazo expirou no dia 6 de setembro.
Os americanos "solicitaram 10 a 14 dias para responder às nossas demanas, e este prazo expirou", ressaltou Maliki.
"Os negociadores americanos precisam responder às nossas demandas. Se o fizerem rapidamente, o acordo será assinado, mas se eles rejeitarem nossas demandas isso vai demorar, e haverá obstáculos que poderão levar a novas negociações", avisou.
O primeiro-ministro destacou ter chegado a um acordo com os americanos sobre a retirada total de suas tropas do Iraque "daqui a dezembro de 2011".
"Os americanos aceitaram isso. Queríamos que eles fossem embora em 2010, mas eles pediram para ficar até 2011", explicou.
"As demandas atuais do governo iraquiano são ligadas à soberania do país. Os iraquianos mostraram flexibilidade, e esperamos que a parte americana seja mais flexível", acrescentou.
O acordo, batizado Sofa (Status of Forces Agreement), deve reger o futuro estatuto das forças americanas no Iraque após a expiração, em 31 de dezembro de 2008, do mandato da força multinacional, definido pelo Conselho de Segurança da ONU.
No entanto, ainda há desacordos sobre a eventual imunidade dos civis ou soldados americanos no Iraque, sobre o direito dos americanos de manter prisioneiros iraquianos em detenção e sobre o comando das operações militares.
Washington também desistiu de sua demanda de imunidade para os dezenas de milhares de guardas que trabalham para empresas de segurança estrangeiras.
Maliki confirmou nesta quarta-feira que "a partir do dia 1 de janeiro de 2009, as companhias de segurança privadas serão submetidas às leis iraquianas". Estas empresas, que empregam quase 100.000 pessoas, são criticadas por abusos cometidos contra a população iraquiana.
A mais famosa destas companhias, Blackwater, que protege os dirigentes americanos no Iraque, se envolveu em vários incidentes. Em 16 de setembro de 1007, agentes da Blackwater que escoltavam um comboio diplomático abriram fogo em um cruzamento de Bagdá, matando 17 civis.