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Acordo assinado pela oposição não detém marcha de índios rumo a Santa Cruz

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postado em 17/09/2008 16:41
O acordo assinado nesta quarta (17/09) pelos governadores de oposição, proposto pelo governo de Evo Morales, não desmobilizou a marcha de indígenas sobre a capital do departamento, Santa Cruz. Cerca de mil pessoas, muitas carregando porretes com pontas de ferro e outras, espingardas de caça, saíram na terça do municipio de Yapacani e devem passar esta noite na cidade de San Carlos, a cerca de 100 quilômetros de Santa Cruz. O secretário-executivo da Federação dos Colonizadores de Yapacani e líder da marcha, Julian Torrico, disse que o objetivo é a destituição do governador de Santa Cruz, Ruben Costas, e do presidente do Comitê Cívico, Branko Manikovic, além da recuperação dos prédios públicos invadidos pela oposição. Ele ressaltou que o movimento é pacífico. Nós não estamos agredindo a ninguém, a marcha é pacífica. Mas repudiamos a essas pessoas divisionistas e queremos que elas renunciem, disse Julian Torrico. Participam da marcha integrantes do Movimento dos Sem-Terra de Santa Cruz, liderados por Wilfor Colque Caceres. Segundo ele, o principal motivo da crise política na Bolívia nao é a distribuição dos lucros da exploração de gás e petróleo nem a questão da autonomia departamental: O que está por trás de tudo é a reforma agrária, pois os grandes latifundiários do país não querem ceder parte de suas terras aos camponeses, disse. Caceres afirmou que este é o principal motivo porque a classe rica do país não quer aprovar a nova Constituição, que prevê a expropriação de propriedades que não cumprem função social. O destino da marcha, que pode ser até cancelada, será influenciada por uma reunião no final da tarde, em Cochabamba, entre o presidente Evo Morales e representantes de oposição, para a ratificação do acordo. Enquanto continua o bloqueio dos partidários de Evo Morales na rodovia Santa Cruz-La Paz, prossegue o tormento dos centenas de motoristas de caminhão, retidos no meio do caminho. É o caso de Henrry Escalera, que tem dormido dentro do caminhão há um mês, por causa dos bloqueios, que começaram com os oposicionistas. Ele conta que come apenas uma vez por dia, geralmente um prato de sopa de galinha, e que, desde o início dos protestos, não vê a mulher e os dois filhos. É muito cara a comida aquí, mas o pior é ficar longe da família, desabafou.

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