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Tzipi Livni é considerada a mais poderosa israelense desde Golda Meir

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postado em 17/09/2008 20:32
Jerusalém - A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, que assumiu a liderança do partido no poder, o Kadima (centrista), deu o primeiro grande passo, nesta quarta-feira (17/09), para substituir o premier Ehud Olmert e se tornar a segunda mulher a dirigir o governo de Israel, desde Golda Meir. Resta ver se Livni, considerada hoje a mais poderosa do país, possui a têmpera da "dama de ferro" israelense que comandou o Estado judeu de 1969 a 1974 e que foi chanceler, como ela. Considerada em Israel uma mulher íntegra e moderada, ela não tem o apoio unânime de seu partido, de onde saem muitos de seus críticos, que estimam que lhe faltam experiência política e mais atitude em questões de segurança. As críticas não impedem, contudo, que esta mãe de dois filhos, nascida em 8 de julho de 1958 e moradora de Tel Aviv, apareça no topo da lista de personalidades políticas mais populares do país. Em maio passado, Livni, de 49 anos, pediu a realização de primárias no Kadima, tendo em vista eleições antecipadas, e com a esperança de suceder o premier Olmert, que anunciou sua saída após o envolvimento em escândalos de corrupção. Ao contrário de Olmert, Tzipi Livni nunca teve problemas com a Justiça e já declarou sua intenção de restaurar "a confiança" dos israelenses. Antes das primárias, ela já era a favorita para suceder Olmert à frente do Kadima. Segundo as primeiras pesquisas de boca-de-urna divulgadas hoje, ela se impôs sem problemas, no primeiro turno, obtendo entre 47% e 49% dos votos, sobre o rival, o falcão e ministro dos Transportes, Shaul Mofaz, com 37%. Essa advogada, de aparência sempre impecável e catapultada para o topo de seu partido por Ariel Sharon, fundador do Kadima, suscita desconfiança em sua formação. "Temo pelo futuro do Estado de Israel, se Livni chegar ao poder. É incapaz de tomar decisões. É influenciável e não confia em si mesma", alfinetou Olmert no passado, que chegou a chamá-la de "traidora" e "mentirosa". As divergências entre Livni e Olmert ficaram claras em 2007, quando ela se declarou a favor da renúncia do premier, após a divulgação de um relatório sobre os erros cometidos por Israel na guerra de 2006, no Líbano. Sua amizade com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, também desperta as suspeitas dos falcões do Kadima, que consideram Rice moderada demais em relação à questão palestina. Antes partidária de um Grande Israel que incluísse os territórios palestinos, sob a influência de Sharon, Livni se rendeu à evidência de que a única maneira de Israel preservar seu caráter judaico e democrático é renunciar pelo menos a uma parte dos territórios ocupados desde 1967. Ainda em sintonia com Rice, Tzipi Livni disse ser partidária de melhorar as condições de vida dos palestinos na Cisjordânia ocupada e da criação de um Estado palestino, ao mesmo tempo em que defende a luta antiterrorista e o isolamento dos islamitas do grupo radical palestino Hamas. Essa mulher elegante nasceu em uma família da direita ultranacionalista, mas isso não a impediu de estar entre os fundadores do Kadima. Após o derrame cerebral de Sharon, em janeiro de 2006, ela se juntou a Olmert, que a designou como chefe da diplomacia, transformando-a, assim, na mulher mais poderosa do Estado hebreu. Ela já trabalhou para o Mossad (1980-84) como especialista em Direito Comercial e teve uma carreira política meteórica desde sua entrada no Knesset, o Parlamento israelense, em 1999. Seu pai, Eytan Livni, e sua mãe, Sarah, eram membros ativos do Irgun, a conhecida organização armada clandestina judaica que lutava com bombas contra o mandato britânico antes de formar o núcleo do Likud, partido de direita hoje liderado por Benjamin Netanyahu. Ela deixou esse partido, considerando suas posições "ultranacionalistas" demais, para seguir Ariel Sharon na fundação do Kadima em novembro de 2005. Hoje, Livni lidera a equipe israelense nas negociações com os palestinos, iniciadas no final de novembro passado durante uma conferência em Annapolis, nos EUA, pelo presidente George W. Bush. Um processo árduo que coloca à prova sua capacidade como negociadora.

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