postado em 19/09/2008 21:28
Cartum - Os rebeldes ugandenses do Exército de Resistência do Senhor (LRA, sigla do inglês) rejeitaram, nesta sexta-feira (19), as acusações de que teriam cometido sangrentos ataques no Sudão do Sul.
Os rebeldes, envolvidos em negociações de paz com o governo de Uganda, foram acusados de lançar, ontem, ataques na Equatória Ocidental (Sudão do Sul) e em zonas próximas de supostas bases do LRA na República Democrática do Congo (RDC), informou a imprensa local.
O porta-voz do LRA, David Nyekorach-Matsanga, declarou que o líder da rebelião, Joseph Kony, rejeitou essas acusações. "Não são nossas forças que são responsáveis por isso", frisou.
Os jornais sudaneses falaram em dois mortos, entre os civis, e quatro feridos, na quinta-feira, durante um ataque do LRA na região de Sakure, no Sudão do Sul.
Já a Comissão Justiça e Paz de Dungu, organização situada na RDC que contabiliza os ataques do LRA, denunciou que mais de 50 crianças foram seqüestradas e várias casas queimadas pelo grupo, nas cidades de Duru, Nâmbia e Kiliwa, esta semana.
Os rebeldes teriam se escondido na floresta do nordeste da RDC, ao longo da fronteira com o Sudão do Sul, onde as tropas congolesas se preparavam para lançar uma ofensiva contra suas bases.
O Exército de Resistência do Senhor já anunciou que não se desarmará e não se desmobilizará, principalmente, enquanto a questão dos mandados de prisão não for discutida e resolvida.
Joseph Kony e outros comandantes do LRA estão na mira de vários mandados de prisão expedidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade. Também são acusados de estuprar e mutilar civis, recrutar crianças-soldados e massacrar milhares de pessoas durante o conflito.
O porta-voz Matsanga comentou que foram "frutíferas" as discussões, esta semana, com o negociador Riek Machar, que também é vice-presidente da região semi-autônoma do Sudão do Sul. Ele preveniu, contudo, que qualquer ataque contra o LRA "destruirá as chances de paz".