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Análise: atentado no Paquistão tem a marca da rede Al-Qaeda

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postado em 21/09/2008 07:00
O ataque no hotel Marriott tem a marca da rede Al-Qaeda ou de um grupo afiliado afiliado ao movimento da jihad (guerra santa) global, e há um grande número de grupos desse tipo no Paquistão. Também há o Talibã paquistanês, que abriga em suas fileiras um grande número de homens-bomba, e que se envolveu em ataques contra as tropas da coalizão no vizinho Afeganistão.

O atentado envolveu um extremista suicida em um dispositivo explosivo improvisado para veículos (VBIED), o que já foi feito por terroristas islâmicos ligados à rede Al-Qaeda. Por exemplo, em 8 de maio de 2002, um homem-bomba com um VBIED detonou uma bomba do lado de fora do Sheraton Hotel, em Karachi (Paquistando), matando 11 franceses e dois paquistaneses. Os franceses eram engenheiros que trabalhavam com o Paquistão no projeto de um submarino classe 90B Agosta para a Marinha.

Em 7 de julho passado, pelo menos 40 pessoas foram mortas por um camicase com o VBIED do lado de fora da Embaixada da Índia, em Cabul, capital do Afeganistão. Entre os mortos, estava o adido militar indiano e três funcionários da representação.
O hotel Marriott, em Islamabad, é um local freqüentado por ocidentais, que vão para beber e jantar, e por vendedores de biquínis. Tudo isso fez do hotel um alvo para radicais muçulmanos que crêem que o Ocidente é decadente.

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos afirmaram que os terroristas islâmicos ligados à agência paquistanesa de inteligência (ISI) foram responsáveis pelo atentado. Isso levanta mais uma vez a controvérsia de que os militares do Paquistão têm ligações com o Talibã e com grupos associados à Al-Qaeda. Esses ataques indicam que a Al-Qaeda e essas facções permanecem muito fortes e mortíferas. As agências de inteligência do Ocidente têm dito que o Talibã e a Al-Qaeda estabeleceram seu quartel-general no Paquistão e que estão tão perigosos como à época dos atentados de 11 de setembro de 2001.

O que está acontecendo no Paquistão é realmente culpa do general Pervez Musharraf, que governou o país como um ditador com enormes poderes pelos últimos 10 anos, mas não fez qualquer esforço para eliminar a Al-Qaeda e o Talibã nem para reformar o país. O Paquistão está em sérios apuros e recebe o status de Estado falido. A ajuda de US$ 10 bilhões que os Estados Unidos deram ao regime de Musharraf desapareceu, e ninguém sabe onde essa enorme soma de dinheiro foi parar. O atual presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, alegou que Musharraf e os militares "receberam" a ajuda americana, e que uma parte do dinheiro financia o Talibã para atacar as tropas da coalizão americana no Afeganistão.

Os paquistaneses estão à margem da falência, com uma inflação acima de 25%, altas taxas de desemprego, nenhum investimento, reservas de câmbio em seus níveis mais baixos e a indústria em colapso. Beitullah Masood é um senhor da guerra local com algum apoio em áres tribais do noroeste, mas não tem a sofisticação para esse tipo de ataque. Seu nome é freqüentemente lançado pelos militares paquistaneses para afastar a atenção dos verdadeiros acusados.

MJ Gohel é especialista em jihad (guerra santa) global e analista sobre terrorismo

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