postado em 21/09/2008 16:00
O atentado suicida que devastou o hotel Marriott de Islamabad matando pelo menos 53 pessoas é uma advertência da Al-Qaeda ao Paquistão e aos Estados Unidos, que intensificaram seus ataques aos refúgios dos combatentes de Osama Bin Laden no noroeste do país, indicaram vários analistas.
Nessas zonas tribais, localizadas na fronteira com o Afeganistão, onde Washington suspeita que a Al-Qaeda e os talibãs afegãos reconstituíram suas forças, esses militantes enfrentam desde o início de agosto uma vasta ofensiva do Exército paquistanês e a intensificação dos disparos de mísseis pelas forças norte-americanas que combatem seus aliados talibãs no Afeganistão.
"Esse atentado é uma mensagem da Al-Qaeda e dos talibãs: se os paquistaneses e os norte-americanos não pararem com seus ataques a seus santuários nas zonas tribais, responderão contra o Paquistão se não puderem fazê-lo contra os Estados Unidos", assegurou o editorialista e cientista político paquistanês, Hasan Askari.
Sob as intensas pressões de Washington, que considera que Islamabad não faz o suficiente para erradicar o terrorismo, o Exército assegurou ter matado cerca de 800 combatentes islâmicos desde o início de agosto no distrito tribal de Bajaur, feudo da Al-Qaeda sob a proteção de talibãs paquistaneses, e no de Swat, também no noroeste.
"As operações de Bajaur e de Swat tiveram sucesso e desconcertaram de tal maneira os islamitas que estão furiosos e desejam responder por todos os meios", acrescentou Askari.
"Por isso estabeleceram agora como alvo os civis, enquanto que a grande maioria dos atentados suicidas que deixaram mais de 1.200 mortos em pouco mais de um ano em todo o país tinha como alvo as forças de segurança", considerou o analista.
"Pela primeira vez na história do país, as tropas paquistanesas entraram no distrito de Bajaur, onde se suspeita que Osama Bin Laden se esconda, passando de um lado para outro da fronteira, pelas províncias afegãs de Kunar e do Nuristão", explicou uma autoridade militar paquistanesa, que solicitou o anonimato.
Outra autoridade relacionada à investigação do atentado do Marriott assegurou que o método e o explosivo utilizados, mais de 600 kg de dinamite que enchiam um caminhão-bomba, "levam o selo da Al-Qaeda".
O ataque de sábado (20/09) é também um revés terrível para o novo presidente Asif Ali Zardari, considerado em seu país "um homem dos Estados Unidos" e que horas antes acabara de pronunciar um discurso contra os terroristas.
Alguns analistas criticaram os serviços de segurança e espionagem, por terem deixado passar um caminhão carregado com 600 kg de explosivos no coração da capital, Islamabad, que está em alerta máximo há mais de um ano.
Os especialistas asseguram de maneira unânime que as autoridades devem se preparar para uma ameaça crescente. "É um aviso muito claro ao governo e ao Exército para mostrar como a situação pode ficar se a ofensiva nas zonas tribais continuar por muito tempo", afirmou o general da reserva Talat Masud, um dos especialistas mais conhecidos do país.
"O governo deve preparar uma estratégia que combine aspectos políticos, militares e de desenvolvimento sustentável nessas zonas tribais se quiser resolver esta crise, se não a situação piorará", advertiu Masud.