postado em 23/09/2008 19:28
Nova York - Seis anos depois de advertir a Organização das Nações Unidas de que corria o risco de se tornar irrelevante, caso não apoiasse a guerra no Iraque, o presidente americano, George W. Bush, elogiou, nesta terça-feira, o "extraordinário potencial" desse organismo mundial.
Em seu discurso de despedida na Assembléia-Geral, Bush, que deixa o cargo em quatro meses, também advertiu que a "ineficiência e a corrupção (...) a avultada" burocracia e a hipocrisia sobre os direitos humanos ameaçam o potencial do órgão.
"As Nações Unidas são uma organização de extraordinário potencial. No momento em que as Nações Unidas reconstroem sua sede, tambêm devem abrir as portas para uma nova era de transparência, responsabilidade e propósitos sérios", acrescentou.
"Com determinação e um propósito claro, as Nações Unidas podem ser uma força poderosa para o bem, quando ingressamos no século XXI. Podem reafirmar a grande promessa sobre a qual foi fundada", disse Bush, em um discurso de 22 minutos.
Bush enfatizou que as Nações Unidas "devem permanecer unidas" contra pragas como o terrorismo, a pobreza e no apoio da democracia e do desenvolvimento.
"As Nações Unidas e outras organizações multilaterais são necessárias com mais urgência do que nunca. Para ter êxito, devemos estar focados e decididos e ser efetivos", frisou.
Bush se pronunciou também contra a prática de "simplesmente aprovar resoluções, condenando ataques terroristas depois que ocorreram", e convocou a ONU a atuar para detê-los. Criticou que se trate "todas as formas de governo, como se fossem igualmente toleráveis".
O presidente dos EUA não se referiu ao aquecimento global, tema que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considera central na missão do organismo.
O discurso de Bush na ONU - que foi carregado de críticas e frustrações em outras ocasiões, especialmente pela violência em Darfur - teve uma resposta amável de uma audiência acostumada a questioná-lo.
Hoje, o presidente americano adotou um tom moderado em temas como a conflituosa região sudanesa de Darfur e o Conselho de Direitos Humanos da ONU, ambos alvo da dura retórica de Bush no passado.
"Todas as nações, em especial os membros do Conselho de Segurança, devem agir com decisão para assegurar que o governo do Sudão cumpra seu compromisso de combater a violência em Darfur".
O presidente americano não lançou suas costumeiras críticas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, como havia feito na Assembléia-Geral de 2007.
"Deve haver uma revisão imediata do Conselho de Direitos Humanos, que protegeu rotineiramente violadores de direitos humanos", limitou-se a dizer nesta terça.
Bush garantiu que "o mundo precisa de uma ONU confiável e efetiva", mas advertiu que o organismo deve se depurar antes.
"Onde houver ineficiência e corrupção, deve-se corrigir. Onde houver burocracias infladas, devem ser reduzidas. Onde houver funcionários que não cumprem suas obrigações, deve haver uma reação forte", concluiu.