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Intensidade dos ventos solares alcançam nível mais baixo em 50 anos

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WASHINGTON - A intensidade dos ventos solares, formados por partículas 'expulsas' da coroa solar a 1,6 milhão de km/h, está em seu nível mais baixo em meio século, desde que o fenômeno começou a ser medido de forma precisa, informaram cientistas da Nasa. As medições são feitas pela sonda Ulisses, uma missão conjunta da Nasa e da Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês). O fenômeno pode reduzir o escudo natural proporcionado pela heliosfera, uma vasta zona de milhões de quilômetros de raio dentro da qual os ventos solares se propagam. "Os ventos de partículas provenientes da coroa solar sopram a grandes velocidades, criando uma espécie de bolha protetora, conhecida como heliosfera, em torno do Sistema Solar", explicou Dave McComas, diretor do Southwest Research Institute em San Antonio, Texas (sul dos Estados Unidos) e um dos principais cientistas da missão Ulisses. "A heliosfera afeta o funcionamento da Terra e interage até os confins do Sistema Solar, onde fica em contato com o espaço interestelar", acrescentou. "Os datos fornecidos pelos instrumentos da Ulises indicam que a pressão global dos ventos solares está em seu nível mais baixo desde o começo da era espacial", advertiu o astrônomo. "Com a intensidade dos ventos num nível tão baixo, a força e a extensão da heliosfera provavelmente diminuirão", estimou Ed Smith, diretor científico do projeto Ulises da Nasa em Pasadena, Califórnia (oeste). Isso pode fazer com que "raios cósmicos (provenientes de outros lugares de nossa galáxia, a Via Láctea), penetrem no interior do Sistema Solar". Segundo os cientistas, a pouca intensidade dos ventos parece ser resultado de uma mudança dos fluxos magnéticos do Sol, cujo motivo ainda é desconhecido. A sonda Ulises, em órbita há mais de 17 anos ao redor do Sol para explorar seus pólos e compreender melhor as reações do espaço que o rodeia, está chegando ao fim de sua vida útil.