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Orgulho gay termina em confusão e oito feridos na Bósnia

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postado em 24/09/2008 20:51
Sarajevo - Os confrontos registrados nesta quarta-feira, em Sarajevo, na abertura do primeiro festival gay na Bósnia, deixaram oito feridos, entre eles dois jornalistas, informou a polícia, que prendeu três dos agressores mais violentos. Ficaram feridos dois jornalistas, um policial e mais cinco pessoas que estavam nas ruas próximas do local onde acontecia a cerimônia de abertura, detalhou a polícia. Dezenas de pessoas, algumas pertencentes à comunidade wahabi (islamitas radicais), atacaram os participantes no final da cerimônia de inauguração, na frente da Academia de Artes Plásticas, no centro da capital bósnia. Nos confrontos com os agressores, dois jornalistas e um policial foram seriamente atingidos, segundo um jornalista da AFP. Cinco pedestres ficaram feridos em agressões indiscriminadas, e um importante dispositivo da polícia especial tentava controlar o acesso dos manifestantes ao evento. A multidão gritava, enfurecida, "matar os gays" e "Allah akbar" (Deus é grande, em árabe), além de insultar os repórteres presentes. Entre os cerca de 50 convidados, havia vários membros do corpo diplomático de Sarajevo. Várias embaixadas ocidentais apoiaram os organizadores do festival, e a missão da ONU denunciou, com firmeza, as reações homófobas contra a organização da marcha gay. O anúncio do festival provocou reações homófobas de políticos e responsáveis religiosos muçulmanos. Ofendido pelo fato de que o festival aconteça durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, o grande mufti da Bósnia, Mustafá Ceric, classificou a festa, recentemente, de "provocação". Hoje, 13 associações religiosas muçulmanas publicaram um comunicado, denunciando a celebração do festival da "comunidade homossexual, que representa", segundo essas organizações, "uma fonte das doenças mais contagiosas". A Bósnia é povoada por 3,8 milhões de pessoas, sendo 40% muçulmanos, 31% sérvios ortodoxos e 10% croatas católicos. Já Sarajevo tem uma população 90% muçulmana. As igrejas cristãs da Bósnia, a Ortodoxo e a Católica, condenam, em geral, a homossexualidade, mas se abstiveram de criticar o festival.

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