postado em 26/09/2008 07:52
As companhias aéreas são muito sujeitas a chuvas e trovoadas financeiras. Seu negócio se embasa numa das máquinas mais caras já concebidas, o avião, que ainda tem o mau hábito de consumir doses astronômicas de combustíveis derivados do petróleo, uma matéria-prima cada vez mais escassa. O primeiro choque ocorreu logo depois da Guerra do Yom Kippur, em 1973.
Egito, Síria e Jordânia, apoiados pelo Iraque, tentaram recuperar as terras perdidas para Israel seis anos antes, na Guerra dos Seis Dias. O resultado foi um empate técnico no campo militar. Para apoiá-los politicamente e trazer os países ocidentais para seu lado, os países árabes fecharam as válvulas dos oleodutos. Até aquele época, as companhias aéreas não se preocupavam com o consumo. O que importava era o conforto do passageiro e a velocidade do transporte.
Uma das primeiras vítimas, em 1982, foi a Braniff, uma simpática empresa norte-americana que encomendava a decoração de suas aeronaves a grandes artistas, como Alexander Calder. Em seguida, a diminuição dos lucros, causada pela competição acirrada lançada pela ascensão do neoliberalismo, derrubou um ícone da aviação mundial, a Pan Americam Airways, pioneira na criação de linhas aéreas sobre o Atlântico e o Pacífico. Ela morreu em 1991.
Para diminuir os custos das passagens, os governos não mais protegiam suas empresas aéreas nacionais. A concorrência tornou-se selvagem. Nesse quadro, qualquer erro administrativo ou má-gestão determinava o fim da empresa aérea. Um bom exemplo foi a Varig, solapada pelos diretores. Empresas estatais terminam por ser pouco competitivas. Suas escalas de trabalho são menos flexíveis, beneficiando a força de trabalho, e os funcionários recebem altos benefícios indiretos e garantias de aposentadoria. A Alitalia é um bom exemplo. Bastou o preço do petróleo subir para que o equilíbrio econômico se inviabilizasse.
Em suma, para um investimento dar certo no setor aéreo é necessário criar mecanismos que diminuam o custo da mão-de-obra, reduzam o consumo de combustível e maximizem o uso dos equipamentos. É por isso que cada vez mais companhias reduzem a permanência de seus aviões no solo. Uma boa maneira é diminuir o serviço de bordo. Sem pratos para carregar e descarregar, basta reabastecer a aeronave e decolar. Essa é a razão de servirem aqueles intragáveis amendoins e barras de cereais em alguns vôos domésticos.