postado em 26/09/2008 20:52
O embaixador da Bolívia no Brasil, René Mauricio Dorfler Ocampo, recebeu nesta sexta-feira (26/09) uma comissão formada por cerca de 200 representantes de partidos de esquerda, pastorais e movimentos sociais brasileiros que realizaram em Brasília um ato em solidariedade ao governo da Bolívia.
Na embaixada boliviana, os manifestantes entregaram a Ocampo uma carta condenando os protestos da oposição boliviana contra o presidente boliviano Evo Morales e o massacre de 30 camponeses pró-governo no departamento (Estado) de Pando, dia 11 de setembro.
A oposição lidera protestos contra Morales em cinco dos nove departamentos autonomistas da Bolívia, que rejeitam a proposta da nova Constituição e exigem a retomada do repasse das verbas de um imposto petrolífero, que desde janeiro o governo destinou a um programa nacional de assistência aos idosos.
O embaixador agradeceu o apoio brasileiro. "Nós consideramos essa mobilização de extrema importância. Nas últimas semanas, a Bolívia tem sofrido uma tentativa de golpe de Estado, e o governo boliviano manifestou sua vontade de diálogo, de tentar fazer tudo no quadro na democracia", afirmou.
Ao comentar os esforços do governo boliviano para assinar um acordo de pacificação com a oposição --que se prolonga desde a semana passada em Cochabamba-- Ocampo destacou que Morales não pretende modificar a proposta da nova Carta Magna apresentada em dezembro de 2007 e que deverá submetida a referendo no final do ano.
"Não estamos dispostos a constitucionalizar os estatutos autônomos que foram aprovados de maneira ilegal. Não é uma nova Assembléia Constituinte o que está acontecendo em Cochambamba, mas um processo de diálogo", afirmou o embaixador boliviano. "Não vamos abrir mão dos projetos da Constituição, porque é um trabalho que representa todos os setores sociais da Bolívia. O governo ratifica sua vontade de dialogar, mas gostaria de ver essa mesma vontade por parte dos oposicionistas", disse.
Marcha
O embaixador citou o referendo revogatório em agosto deste ano --que reafirmou Morales e seu vice em seus cargos-- para afirmar a existência de processos democráticos no país. "As mostras da vontade política do governo no quadro da democracia são mais que eloqüentes, e vamos seguir trabalhando nesse quadro", acrescentou.
Após a entrega da carta, cerca de 200 militantes e líderes políticos realizaram uma marcha até a embaixada dos Estados Unidos, onde fizeram um ato para denunciar suposta ingerência deste país nos processos democráticos da América Latina.
Em meio à crise política na Bolívia, Morales expulsou o embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, sob acusações dele ter se reunido com a oposição dias antes dos ataques contra prédios do governo.
No final do ato, cruzes de madeira foram fincadas no gramado da embaixada para representar as mortes em Pando.