postado em 28/09/2008 08:16
NOVA YORK - O ator americano Paul Newman perdeu sua batalha contra um câncer de pulmão, na sexta-feira, aos 83 anos, um ano depois de se despedir do cinema, ofício no qual se consagrou com mais de 60 filmes, entre eles "Butch Cassidy" e "A cor do dinheiro", anunciou sua Fundação, a Newman's Own, neste sábado, em nota divulgada de Westport (Connecticut).
Após o anúncio de seu falecimento, as homenagens a Newman começaram a aparecer, em diferentes lugares do mundo, reunindo amigos, estrelas e celebridades, sempre destacando sua "vida exemplar". O ator americano Robert Redford, amigo de Newman, com quem protagonizou memoráveis produções, como "Butch Cassidy" e "Golpe de mestre", liderou as homenagens.
"Há um ponto em que os sentimentos vão além das palavras", disse Redford, de 72 anos, segundo o programa Entertainment Tonight. "Perdi um verdadeiro amigo. Minha vida e este país são melhores porque ele esteve em ambos". Em Los Angeles, flores eram depositadas na estrela de Newman na Calçada da Fama, de Hollywood, enquanto a Motion Picture Association of America (MPAA) aclamava sua "extraordinária carreira".
"Ele será lembrado como um artista, cavalheiro e filantropo, cuja extraordinária carreira era inigualável, em cada aspecto, com uma vida exemplar", declarou o presidente-executivo da MPAA, Dan Glickman. O galã George Clooney disse apenas que Newman "estabeleceu um padrão demasiado alto para o resto - não apenas para os atores, mas para todos".
Julia Roberts, que trabalhou com Paul em uma obra de caridade para crianças doentes, destacou: "Foi meu herói". Em nota, o ex-presidente Bill Clinton e sua mulher, a senadora Hillary Clinton, lembraram da generosidade de Newman: "Paul foi um ícone, um campeão para as crianças. Nosso caro amigo, cujo apoio indefectível significava tanto para nós, deixará saudades".
Liberal engajado, Newman fez campanha, abertamente, para vários candidatos democratas, o que o colocou, inclusive, na famosa lista de inimigos, na década de 1970, do presidente republicano Richard Nixon - "a mais alta honra que eu já recebi", costumava dizer.
"Nosso pai era um exemplo raro de humildade, o último a reconhecer que o que ele fazia era excepcional", declararam as cinca filhas do ator, em uma nota. "A obra de Paul Newman foi a atuação. Sua paixão foi pelas corridas de carros. Seu amor foi por sua família e amigos. E seu coração e alma foram dedicados a ajudar a fazer do mundo um lugar melhor para todos", declarou o vice-presidente da Fundação Newman's Own, Robert Forrester, ao anunciar a morte do astro, em sua casa em Connecticut.
Newman, que em 10 de maio fez sua última aparição pública no evento de automobilismo de Indianápolis, havia-se despedido do cinema em 25 de maio de 2007, em uma entrevista à rede ABC, na qual admitiu, com muita franqueza, o peso da idade.
"Você começa a perder a memória, você começa a perder sua confiança, você começa a perder sua criatividade. Então, eu acho que é uma história concluída para mim", confessou à ABC, referindo-se à carreira. O último trabalho do ator, de magnéticos olhos de um profundo azul e sex symbol do cinema americano, foi emprestando sua voz ao desenho "Carros", em 2006.
Newman, dez vezes indicado ao Oscar, e ganhador de duas estatuetas de honra e uma em 1987, como melhor ator em "A cor do dinheiro", de Martin Scorsese, nasceu em Cleveland (Ohio), em 26 de janeiro de 1925. Estreou nos palcos em 1949 e, em 1952, ingressou no Actor's Studio, o que lhe permitiu ganhar seu primeiro papel na peça "Picnic", de William Inge, na Broadway. Viveu épocas de glória, com inúmeros sucesso de público e de crítica.
Fã das corridas de automóveis e filantropo de longo data, Newman se casou duas vezes e teve seis filhos, dois do primeiro casamento, que terminou em divórcio, e três com a atriz Joanne Woodward, com quem se casou em 1958. Scott, único filho homem, morreu por overdose, em 1978.
Foi em 1993 que recebeu seu terceiro Oscar, desta vez, como um reconhecimento de seus trabalhos humanitários, já que os lucros de sua empresa de alimentos Newman's Own são doados para obras de caridade. O primeiro havia sido pelo conjunto de sua carreira, em 1985.