postado em 29/09/2008 02:04
As autoridades sírias atribuíram nesta segunda-feira (29/09) o atentado de sábado, que matou 17 civis em Damasco, a uma operação suicida realizada por um "terrorista procedente de um país árabe vizinho e vinculado a um grupo islamita".O atentado até agora não foi reivindicado e a incerteza é quase total sobre a autoria desse ataque, o pior registrado desde os anos 80 na Síria, quando os Irmãos Muçulmanos cometiam sangrentos golpes em pleno coração de Damasco.
"A investigação preliminar comprovou que o veículo que explodiu no sábado no sul de Damasco entrou por um posto de fronteira de um país árabe vizinho e que o terrorista que o dirigia o detonou ainda dentro do carro", afirma a agência oficial síria SANA.
Além dos 17 mortos, 14 pessoas ficaram feridas no atentado com carro-bomba em Damasco. O veículo, com 200 kg de explosivos, estava estacionado em uma rua perto de um posto dos serviços de segurança, em um cruzamento que dá acesso ao aeroporto internacional de Damasco e ao túmulo de Sayyeda Zeinab, um lugar de peregrinação xiita.
O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, denunciou "um ato terrorista e criminoso" em declarações à rede de TV Al-Arabyia.
Muallem, que se encontrou no sábado, em Nova York, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, em paralelo à Assembléia Geral da ONU, lamentou que o "terror" tenha "aumentado após a guerra lançada pelos Estados Unidos contra o terrorismo".
Muitos dirigentes mundiais, como os presidentes francês, Nicolas Sarkozy, russo, Dmitri Medvedev, e libanês, Michel Sleimane, condenaram o atentado. Sarkozy efetuou em setembro a primeira visita de um chefe de Estado ocidental à Síria nos cinco últimos anos.
O Irã também condenou duramente o ataque. Citado pela agência Irna, o porta-voz da chancelaria, Hassan Ghshghavi, denunciou um ato "terrorista e desumano" e expressou as condolências do povo iraniano às famílias das vítimas.
Os Irmãos Muçulmanos da Síria também condenaram "firmemente" o atentado deste sábado. O chefe deste movimento, Ali Sadreddin al-Bayanuni, no exílio, disse à AFP que o ataque "pode ter sido cometido por pequenos grupos extremistas" ou até "ser a conseqüência de um confronto entre diferentes serviços de segurança".
A Síria foi palco de vários assassinatos e incidentes nos últimos meses.
Em agosto, o general Mohamed Sleimane, responsável pela segurança do Centro de estudos e de pesquisa científica sírio, foi assassinado.
Em 12 de fevereiro, Imad Mughnieh, alto representante do Hezbollah, morreu na explosão de seu carro em Damasco.
Além disso, em julho, as autoridades reprimiram um tumulto na prisão de Saydnaya, uma das maiores do país. Elas acusaram "condenados por crimes de terrorismo e extremismo" de ter provocado a rebelião que deixou 25 mortos, segundo uma ONG.