postado em 01/10/2008 14:54
LA PAZ - O governo boliviano exige o retorno de cerca de 600 cidadãos que fugiram do departamento de Pando, norte do país, para o território brasileiro, após um estado de sítio decretado há três semanas que pôs fim à violência que deixou 18 mortos, informou nesta quarta-feira (1º/10) a imprensa local.
O governo suspeita que entre estes, a quem rejeita atribuir o caráter de "refugiados políticos" que a oposição menciona, estejam pessoas envolvidas no massacre de camponeses registrado em Pando, segundo disse o vice-ministro da Justiça, Wilfredo Chávez.
"Há um espaço que o Brasil está dando a eles, mas isso acabará, não se pode tirar proveito disso, pois o Estado exige que as pessoas retornem a seu país", afirmou o vice-ministro ao se referir às pessoas que fugiram da cidade de Cobija, capital de Pando, para as cidades vizinhas de Brasiléia e Epitaciolândia, no estado brasileiro do Acre.
Uma comissão do Parlamento boliviano indicou que cerca de 600 pessoas fugiram para o Brasil após o estado de sítio decretado pelo presidente Evo Morales para conter a violência local, que causou a morte de 15 camponeses, dois civis e um policial. O deputado da formação de direita "Podemos", Paulo Bravo, disse que as pessoas fugiram por medo de serem detidas por militares bolivianos.
Os incidentes foram registrados em meio aos protestos promovidos durante três semanas por líderes civis de cinco dos nove departamentos da Bolívia contra o governo de La Paz, em rejeição a sua Constituição e para que o governo devolva fundos públicos regionais. A polarização política obrigou governistas e opositores a estabelecer uma mesa de negociações para pôr fim à crise.