postado em 03/10/2008 15:50
O presidente da Bolívia, Evo Morales, fixou o próximo domingo (5) como data limite para o fechamento de um acordo para pacificar o país - e indicou nesta sexta-feira (3) que o fará com ou sem seus interlocutores, depois que os quatro prefeitos (governadores) oposicionistas abandonaram as conversações na quarta-feira (1), acusando o governo de não cumprir com seus compromissos.
"O domingo é definitivo, eu vou estar lá no domingo e espero que os governadores também estejam", afirmou Morales, depois que as autoridades de Santa Cruz, Beni, Tarija e Chuquisaca decidiram se retirar da mesa de negociações na quarta-feira, alegando falta de garantias devido à detenção de um dirigente civil de oposição.
Os governadores rebeldes decidiram suspender sua participação nas duas mesas técnicas que discutem os temas cruciais da crise política boliviana depois da prisão de um líder civil de Villamontes, no sudeste da Bolívia, acusado de sabotar um gasoduto em meio à onde de violência que assustou o país há três semanas.
O chefe de Estado convocou os governadores para "retornar ao diálogo", e insistiu que este ainda está vigente.
Neste sentido, o vice-ministro da Descentralização, Fabián Yaksic, disse que coordena uma das mesas temáticas e confirmou que "esta fase do diálogo se encerrará no domingo com os produtos que prevíamos resolver e entregar ao país".
Yaksic declarou à rádio estatal Patria Nueva que as mesas entregarão os resultados do que foi discutido em relação às autonomias, um dos pontos críticos da controvérsia nacional, e a distribuição de um imposto regional petroleiro que o governo desviou dos departamentos para suprir o pagamento das aposentadorias.
Na quarta-feira, os quatro governadores rebeldes suspenderam o diálogo com Morales após a prisão de um líder da oposição, conforme anunciou o governador de Tarija, Mario Cossío.
"Tomamos a decisão de suspender, temporariamente, nossa participação nas mesas de trabalho até que o governo nacional reveja sua atuação nesse caso", afirmou Cossío, que deixou claro que o diálogo não foi rompido.
Além disso, pediu aos observadores internacionais da Unasul, OEA, ONU e União Européia que acompanhem o processo para "salvar o diálogo".
O dirigente cívico do Chaco boliviano José Vaca foi acusado de incentivar a explosão de um duto de exportação de gás para o Brasil, há três semanas, durante os protestos regionais contra Morales.
Vaca foi detido pela polícia no povoado de Villamontes, 1.200 km a sudeste de La Paz, e "o que ocorreu não é algo próprio à atitude de diálogo", disse Cossío, que exigiu de Morales o "respeito às garantias constitucionais e legais do cidadão, com o devido processo judicial".
Ao tomar conhecimento da decisão dos governadores, o líder camponês e dirigente do Movimento Ao Socialismo (MAS), Isaac Avalos, disse que a suspensão do diálogo é "um truque" e anunciou o início de "protestos" contra os governadores rebeldes.
No final de semana passado, o presidente Evo Morales advertiu que a nova Constituição será aprovada "por bem ou por mal".
Enquanto isso, observadores internacionais que participam do diálogo anunciaram que defenderão a volta dos governadores para as mesas de discussão.
Acompanham as negociações bolivianas representantes da ONU, OEA, Unasul, União Européia e da igreja Católica.